Israel confirma sequestro de Greta e brasileiro em grupo que levava ajuda a Gaza: ‘iate de selfies’

Atualizado em 8 de junho de 2025 às 23:20
Tripulantes da embarcação Madleen,, que levava 12 ativistas rumo à Faixa de Gaza, de mãos levantadas após invasão do Israel. Imagem: reprodução

O Ministério das Relações Exteriores de Israel confirmou por meio de sua conta no X (antigo Twitter) que a embarcação Madleen foi, de fato, interceptada. De acordo com a publicação, o “iate de selfies das celebridades” (como escolheram chamar a embarcação no post) está a caminho, em segurança, das costas de Israel. Além disso, alegaram que a Greta e o resto da tripulação estaria querendo ganhar publicidade com os relatos nas redes sociais sobre o que estava acontecendo em alto mar: “há maneiras de entregar ajuda à Faixa de Gaza — elas não envolvem selfies no Instagram”.

“A pequena quantidade de ajuda que estava no iate e não foi consumida pelas “celebridades” será transferida para Gaza por meio de canais humanitários reais”, concluiu o Ministério no post.

Embora a publicação alegue que ajuda suficiente chegou a Gaza nas últimas duas semanas, forças israelenses têm disparado repetidamente contra palestinos que buscam ajuda em Gaza – como conta o portal Al Jazeera Mubasher – depois de permitirem que alguns alimentos retornem à faixa após o seu mais longo bloqueio total. Dezenas de pessoas foram mortas tentando chegar aos locais de distribuição de ajuda, incluindo ao menos 13 palestinos.

O Madleen partiu da Itália no último domingo (1º) com a missão de romper simbolicamente o bloqueio marítimo imposto por Israel e entregar alimentos e remédios à população de Gaza. Ao todo, são 12 tripulantes, contando com o ativista brasileiro Thiago Ávila, a sueca Greta Thunberg, a francesa Rima Hassan e o jornalista da Al Jazeera Mubasher, Omar Faiad.

Neste domingo (8), Ávila e Greta publicaram vídeos pedindo ajuda após embarcações não identificadas começarem a se aproximar do barco. Segundo relatos da co-fundadora do Movimento de Solidariedade Internacional, Huwaida Arraf, comandos israelenses ordenaram que os tripulantes desligassem e jogassem seus celulares no mar.

As comunicações da embarcação também foram interrompidas. Antes disso, dois drones israelenses sobrevoaram a embarcação e lançaram uma substância química ainda não identificada. “Alguns relataram ardência nos olhos”, afirmou Arraf à Al Jazeera, diretamente da Sicília. “Eles também foram abordados de forma ameaçadora por embarcações. Durante pelo menos uma hora e meia, estavam sob pressão das forças israelenses.”

Sofia Carnavalli
Sofia Carnavalli é jornalista formada pela Cásper Líbero e colaboradora do DCM desde 2024.