Israel deixou brasileiros sem água e comida após interceptar flotilha

Atualizado em 3 de outubro de 2025 às 22:50
Soldados israelenses transportam presos, detidos durante a guerra. Foto: Divulgação

Treze brasileiros, entre eles a deputada federal Luizianne Lins (PT-CE), estão detidos em Israel após a interceptação de uma flotilha humanitária que seguia em direção à Faixa de Gaza. De acordo com relatos divulgados pela missão internacional, os ativistas afirmam que ficaram sem água e comida nas primeiras horas de prisão, logo após a abordagem feita pela Marinha israelense em águas internacionais do Mediterrâneo.

O grupo, composto por oito homens e cinco mulheres, passou quase dois dias sem qualquer contato até receber a primeira visita de diplomatas da Embaixada do Brasil em Tel Aviv, nesta sexta-feira (3). A reunião durou mais de oito horas e contou ainda com representantes de delegações de outros países que tinham cidadãos a bordo da flotilha.

Atualmente, os detidos estão no centro prisional de Ketziot, localizado a cerca de 30 quilômetros da fronteira com o Egito. Segundo a assessoria da deputada Luizianne, parte dos presos chegou a iniciar uma greve de fome em protesto contra as condições do cárcere e em solidariedade ao povo palestino, que enfrenta escassez de alimentos, falta de água potável, doenças e intensos bombardeios.

Os relatos apontam também que a abordagem militar israelense foi ostensiva e utilizou armamento pesado, inclusive contra o veleiro Grande Blu, que fazia parte da flotilha. Apesar disso, não houve resistência por parte dos cerca de 500 integrantes da missão, que reuniu ativistas de mais de 40 países. O traslado até o presídio teria durado toda a madrugada.

Militares israelenses transferem palestinos, capturados durante o conflito, de Gaza para Israel. Foto: Divulgação

A iniciativa tinha caráter humanitário e pacífico, levando medicamentos e alimentos à população de Gaza. A participação da parlamentar brasileira ocorreu como integrante de uma delegação oficial da Câmara dos Deputados, na condição de observadora internacional.

A ação da Marinha de Israel, que ocorreu entre os dias 1º e 2 de outubro, é considerada ilegal por entidades de direitos humanos, já que a interceptação foi realizada fora do território israelense. Organizações internacionais acompanham o caso e reforçam que a detenção viola normas do direito humanitário.

O Itamaraty informou que acompanha a situação de perto e cobra garantias mínimas para os brasileiros presos, como acesso a água, alimentação adequada e respeito às normas internacionais. O Ministério das Relações Exteriores também articula com outros países medidas conjuntas de pressão diplomática.

Enquanto isso, familiares dos ativistas no Brasil aguardam novas informações e cobram providências rápidas do governo federal. Segundo o Itamaraty, atualizações sobre a situação dos detidos deverão ser divulgadas nos próximos dias, conforme avançam as negociações e o monitoramento internacional.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.