
O israelense Rudy Glazer, de 38 anos, cujo irmão Ranani Glazer, natural de Porto Alegre, foi morto aos 24 anos pelo Hamas no ataque de 7 de outubro de 2023, afirmou em entrevista à colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, que Israel deve tomar as terras de Gaza:
Como vocês receberam a notícia de que há um acordo firmado para a paz entre Israel e o Hamas?
É um turbilhão de emoções, que a gente já vive há mais de dois anos. Não é nada fácil perder um ente querido, principalmente dessa forma, no auge da vida.
Como fazemos desde então, começamos o dia [de hoje] com nossos pensamentos e orações voltados aos reféns que ainda estavam lá [em Gaza]. E que hoje, graças a Deus, foram libertados, em boa hora. (…)
E hoje estamos muito felizes pela volta dos nossos reféns. Mas ainda com um pouco de gosto de que ainda não foi feito o suficiente por aqueles [israelenses] que se foram. Temos muito trabalho ainda para fazer na Faixa de Gaza.
Que trabalho?
Ainda não foi feito o suficiente para devolver àqueles que fizeram o que fizeram [os terroristas do Hamas] o que eles merecem.
O passo mais urgente foi dado, de os reféns estarem aqui [de volta a Israel].
A gente espera que os próximos passos também sejam tomados. Que venha a vitória e que aqueles que retiraram a vida de tantos reféns dessa forma tão brutal recebam aquilo que merecem.
E o que teria que ser feito?
Um inimigo com quem convivemos há anos, desde que o povo de Israel voltou para a sua terra, só entende uma palavra. Só uma coisa dói para ele, que é a terra. Se você não tira a terra dele, ele não sente nada.
Você pode matar 70, 80, 90, um milhão [de pessoas]. Não vai fazer diferença.
Ele só vai entender e só vai pensar duas vezes antes de fazer isso [ataque terrorista] de novo se você tirar a terra dele. É a única coisa que vale para eles.
Então eu espero que a gente consiga [isso] de uma forma ou de outra.
Acho muito difícil [que tal fato ocorra] depois de o Trump ter vindo aqui falar o que falou [que a guerra acabou]. Mas a gente espera e tem fé em Deus porque a justiça tem que ser feita.

Você acha que Israel deveria ficar com as terras de Gaza?
[Deveria] Tomar boa parte. Israel foi pra essa guerra com três objetivos, né? Um deles era trazer de volta os reféns.
O segundo era o de que o Hamas não continue sendo uma força bélica e governamental em Gaza. E a terceira é que a Faixa de Gaza não seja mais uma ameaça para os cidadãos de Israel.
Ou seja, só um deles foi conquistado até o momento. As outras [coisas] deveriam em teoria acontecer agora, com o adiantamento dos procedimentos.
O Hamas já declarou que não vai largar as armas de modo algum. Ou seja, só há duas opções: ou tira pelo bem, ou pelo mal. E é exatamente o que a gente quer que aconteça. Que o Hamas não continue mais [governando Gaza]. (…)
Seguimos doloridos e esperando que eles recebam realmente o que precisam receber. A população lá [em Gaza] e doutrinada para odiar a gente. Não teve uma pessoa [entre os palestinos] que veio devolver algum refém, que teve pena de algum refém, que deu comida para algum refém.
O povo lá é Hamas. O Hamas é o povo, e esse tipo de gente não tem que viver ao nosso lado. Esse tipo de gente tem que viver longe daqui.
Então a gente tem que tomar a terra inteira lá [em Gaza]. E aí, sim, eles vão receber o que têm que receber. Aí, sim, vão pensar duas vezes antes de fazer um novo 7 de outubro. É nisso que a gente acredita. (…)