Israel deve tomar Gaza, diz irmão de brasileiro morto pelo Hamas

Atualizado em 15 de outubro de 2025 às 9:23
Rudy Glazer e o irmão, Ranani Glazer. Foto: Reprodução

O israelense Rudy Glazer, de 38 anos, cujo irmão Ranani Glazer, natural de Porto Alegre, foi morto aos 24 anos pelo Hamas no ataque de 7 de outubro de 2023, afirmou em entrevista à colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, que Israel deve tomar as terras de Gaza:

Como vocês receberam a notícia de que há um acordo firmado para a paz entre Israel e o Hamas?

É um turbilhão de emoções, que a gente já vive há mais de dois anos. Não é nada fácil perder um ente querido, principalmente dessa forma, no auge da vida.

Como fazemos desde então, começamos o dia [de hoje] com nossos pensamentos e orações voltados aos reféns que ainda estavam lá [em Gaza]. E que hoje, graças a Deus, foram libertados, em boa hora. (…)

E hoje estamos muito felizes pela volta dos nossos reféns. Mas ainda com um pouco de gosto de que ainda não foi feito o suficiente por aqueles [israelenses] que se foram. Temos muito trabalho ainda para fazer na Faixa de Gaza.

Que trabalho?

Ainda não foi feito o suficiente para devolver àqueles que fizeram o que fizeram [os terroristas do Hamas] o que eles merecem.

O passo mais urgente foi dado, de os reféns estarem aqui [de volta a Israel].

A gente espera que os próximos passos também sejam tomados. Que venha a vitória e que aqueles que retiraram a vida de tantos reféns dessa forma tão brutal recebam aquilo que merecem.

E o que teria que ser feito?

Um inimigo com quem convivemos há anos, desde que o povo de Israel voltou para a sua terra, só entende uma palavra. Só uma coisa dói para ele, que é a terra. Se você não tira a terra dele, ele não sente nada.
Você pode matar 70, 80, 90, um milhão [de pessoas]. Não vai fazer diferença.

Ele só vai entender e só vai pensar duas vezes antes de fazer isso [ataque terrorista] de novo se você tirar a terra dele. É a única coisa que vale para eles.

Então eu espero que a gente consiga [isso] de uma forma ou de outra.

Acho muito difícil [que tal fato ocorra] depois de o Trump ter vindo aqui falar o que falou [que a guerra acabou]. Mas a gente espera e tem fé em Deus porque a justiça tem que ser feita.

Pessoas procuram pertences em meio aos escombros da Torre Sussi, destruída por bombardeio israelense na Cidade de Gaza.
Pessoas procuram pertences em meio aos escombros da Torre Sussi, destruída por bombardeio israelense na Cidade de Gaza. Foto:Omar AL-QATTAA/AFP

Você acha que Israel deveria ficar com as terras de Gaza?

[Deveria] Tomar boa parte. Israel foi pra essa guerra com três objetivos, né? Um deles era trazer de volta os reféns.

O segundo era o de que o Hamas não continue sendo uma força bélica e governamental em Gaza. E a terceira é que a Faixa de Gaza não seja mais uma ameaça para os cidadãos de Israel.

Ou seja, só um deles foi conquistado até o momento. As outras [coisas] deveriam em teoria acontecer agora, com o adiantamento dos procedimentos.

O Hamas já declarou que não vai largar as armas de modo algum. Ou seja, só há duas opções: ou tira pelo bem, ou pelo mal. E é exatamente o que a gente quer que aconteça. Que o Hamas não continue mais [governando Gaza]. (…)

Seguimos doloridos e esperando que eles recebam realmente o que precisam receber. A população lá [em Gaza] e doutrinada para odiar a gente. Não teve uma pessoa [entre os palestinos] que veio devolver algum refém, que teve pena de algum refém, que deu comida para algum refém.

O povo lá é Hamas. O Hamas é o povo, e esse tipo de gente não tem que viver ao nosso lado. Esse tipo de gente tem que viver longe daqui.

Então a gente tem que tomar a terra inteira lá [em Gaza]. E aí, sim, eles vão receber o que têm que receber. Aí, sim, vão pensar duas vezes antes de fazer um novo 7 de outubro. É nisso que a gente acredita. (…)