
As autoridades de Israel e Gaza se mobilizam para a libertação simultânea de reféns israelenses e detentos palestinos, prevista para esta segunda-feira, 13, dentro do acordo de cessar-fogo que pode encerrar a guerra de dois anos na Faixa de Gaza.
Pelo pacto, o Hamas deve libertar todos os reféns vivos em até 72 horas após a assinatura do acordo — prazo que termina ao meio-dia (horário local). O grupo mantém 48 reféns, sendo 20 ainda vivos. O gabinete do primeiro-ministro israelense informou que espera a libertação de todos na manhã de segunda-feira. Fontes do Hamas disseram à rede Al Jazeera que os reféns foram reunidos em Gaza e que o grupo definiria à noite os detalhes logísticos da entrega.
Uma força-tarefa internacional trabalhará para localizar os corpos dos reféns mortos, que podem estar soterrados sob os escombros do território devastado.
Após o retorno dos israelenses, Israel libertará cerca de 2 mil palestinos, a maioria detida durante a guerra. Parte será enviada de volta a Gaza ou exilada em países vizinhos. Entre os libertados não estão altos comandantes do Hamas, figuras políticas conhecidas e dois médicos palestinos detidos em Gaza, cujas solturas ainda são negociadas.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chegará a Jerusalém na segunda-feira para discursar no Knesset e se reunir com famílias de reféns. Em seguida, viajará a Sharm el-Sheikh, no Egito, onde presidirá uma cúpula internacional de paz com líderes de mais de 20 países, com o objetivo de consolidar uma trégua permanente em Gaza.
Trump afirmou esperar que o cessar-fogo se mantenha. “Todos estão cansados de lutar”, disse a jornalistas, acrescentando que há “consenso sobre o caminho a seguir”.
A troca de reféns e prisioneiros é o primeiro passo do plano em 20 pontos apresentado por Trump para encerrar o conflito. Embora o cessar-fogo esteja em vigor desde sexta-feira, boa parte dos termos do plano ainda precisa ser negociada.
A população palestina espera que a trégua se transforme em fim definitivo da guerra, que já deixou mais de 67 mil mortos e 170 mil feridos, além da destruição de grande parte de Gaza. Israel é acusado por organismos da ONU e entidades de direitos humanos de praticar genocídio — acusação que nega, alegando agir em defesa própria após o ataque de militantes liderados pelo Hamas que matou cerca de 1,2 mil israelenses e resultou em 251 sequestros.
Em Israel, hospitais e bases militares se preparam para receber os libertados. “Estamos muito emocionados, esperando nosso filho e todos os 48 reféns”, disse Hagai Angrest, pai de um dos israelenses ainda mantidos em cativeiro.
Na noite de domingo, milhares de pessoas se reuniram na Praça dos Reféns, em Tel Aviv, para acompanhar discursos do enviado norte-americano Steve Witkoff e de Jared Kushner, genro de Trump. O público aplaudiu Trump e vaiou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Na Cisjordânia, famílias também aguardavam a libertação de parentes palestinos. O governo israelense advertiu para que as comemorações fossem discretas e com pouca exposição à imprensa.

Entre os palestinos que serão libertados, cerca de 1.700 são detentos de Gaza e 250 presos de longa data, incluindo líderes políticos. Metade deles será enviada para Gaza ou exilada; o restante, liberado na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.
Enquanto a troca se organiza, organizações humanitárias se preparam para retomar o envio de ajuda. A agência israelense Cogat anunciou que cerca de 600 caminhões por dia voltarão a entrar em Gaza, número próximo ao registrado antes da guerra. O Programa Mundial de Alimentos informou que estradas estão sendo reparadas para viabilizar as entregas, e que alimentos, medicamentos e produtos básicos já estão prontos para envio.
A retomada da ajuda ocorre após meses de bloqueio israelense que levou partes de Gaza à fome. Segundo agências internacionais, pelo menos 459 pessoas morreram de inanição desde o início do conflito.
O plano de Trump também prevê que a ONU volte a coordenar a entrada de suprimentos, substituindo a Fundação Humanitária de Gaza, entidade privada criada durante a guerra e acusada de falhas graves na distribuição de alimentos.
Os Estados Unidos enviarão até 200 militares a Israel para apoiar a criação de um Centro de Coordenação Civil-Militar, voltado à estabilização de Gaza. Nenhum soldado norte-americano atuará dentro do território, mas o grupo auxiliará as operações humanitárias a partir de Israel.