
Um laudo de autópsia divulgado em 3 de abril aponta as possíveis causas da morte de Walid Khalid Abdullah Ahmad, brasileiro de 17 anos que estava preso em Israel desde 30 de setembro de 2024. O documento, elaborado pelo Instituto Forense Abu Kabir, em Tel Aviv, indica que Ahmad morreu em decorrência de “fome, desidratação por diarreia induzida por colite e complicações infecciosas”, agravadas por “desnutrição prolongada e negação de intervenção médica”.
Segundo a organização Defesa para Crianças Internacional, criada nos anos 1970 para a promoção e proteção dos direitos infantis, Ahmad morreu em 22 de março, às 9h10. Ele teria desmaiado e batido a cabeça em um pátio do centro de detenção de Megido, onde estava preso, sendo socorrido por outras crianças que o levaram à enfermaria do presídio. Médicos tentaram reanimá-lo com o uso de um desfibrilador, mas sem sucesso.
O caso provocou reação imediata do governo brasileiro. Após a divulgação da morte, o Itamaraty cobrou explicações e emitiu uma nota com tom contundente, o que surpreendeu a diplomacia israelense. Até o momento, o governo de Benjamin Netanyahu não se pronunciou sobre as conclusões do laudo.

Cerca de 6 mil palestinos com origem brasileira vivem atualmente na Cisjordânia, território sob ocupação parcial de Israel. Segundo a Autoridade Palestina, a morte de Walid elevou para 63 o número de prisioneiros palestinos que morreram sob custódia israelense. Ele foi o primeiro menor de idade entre as vítimas, conforme dados da organização Defesa das Crianças Internacional – Palestina.
A Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal) denunciou as condições da prisão de Megiddo, onde Walid estava detido, afirmando que o local é “notório pelo uso de tortura com choques elétricos, espancamentos, privação de alimentos e até o uso de cachorros”.
O jornal israelense ‘Haaretz’ também relatou abusos recorrentes, como detentos mantidos nus, amarrados pelos pés e mãos por vários dias, sem acesso a comida ou cobertores — muitos deles precisando de hospitalização devido aos maus-tratos.
Desde o início da guerra em Gaza, o governo brasileiro realizou diversas operações de repatriação. De acordo com o Itamaraty, 1.560 brasileiros e seus familiares foram retirados da região, incluindo áreas de Israel, Gaza e Cisjordânia.
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