Isso é fascismo, sim! Por Esther Solano

Atualizado em 25 de setembro de 2018 às 15:12
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A resposta de Esther Solano a pesquisador de fake news que diz que Bolsonaro não é fascista e sim “soldado de guerras culturais”

Publicado originalmente na fanpage do Facebook de Esther

Recebi algumas provocações para reagir à coluna da Folha de Pablo Ortellado onde diz que Bolsonaro não é fascista porque não é nacionalista nem xenófobo.

Bem, como eu estudo o fenômeno de perto estou perfeitamente capacitada para responder com argumentos. Bolsonaro é fascista, sim.

Só que é um fascismo que se fundamenta sobretudo no conceito do inimigo interno.

A nação brasileira não está essencialmente sob ataque externo (ideia que constrói, por exemplo, o fascismo de Le Pen na Europa com seu discurso islamofobico e anti-migratório).

Ele é também contra venezuelanos, haitianos (inimigo externo) mas seu discurso se constrói sobretudo em que a nação brasileira está sob ataque interno!

Bolsonaro propõe uma nação patriarcal, branca, heteronormativa, onde o inimigo é o negro periférico, a feminista, o político de esquerda, o professor… Bandido bom é bandido morto.

Ele mobiliza, sim, uma ideia de nação excludente, só que essencialmente exclui os de dentro que são a principal ameaça. Ele é xenófobo, sim, com venezuelanos, haitianos, bolivianos, mas principalmente com os de dentro.

Não tem discurso islamofóbico porque aqui não tem muitos muçulmanos, mas tem discurso anti-indígena, anti-quilombola, anti-nordestino.

Ele propõe um país onde só os “homens de bem” sejam cidadãos.

O restante somos inimigos, bandidos, portanto aniquiláveis fisicamente ou silenciáveis.

Os PeTralhas devem ser metralhados, os professores devem ser censurados, os jovens negros da periferia mortos.

Isso é fascismo, sim!