
A distância entre o combate ao crime na Itália e no Brasil é pedagógica.
Em fevereiro, a polícia italiana realizou uma das maiores operações antimáfia dos últimos tempos, prendendo 181 suspeitos ligados à Cosa Nostra em Palermo, capital da Sicília, e arredores.
Foram mobilizados mais de 1 200 agentes dos Carabinieri, após meses de investigação, interceptações telefônicas e vigilância. Nenhum disparo foi registrado, e a ação foi considerada um marco no enfrentamento civilizado do crime organizado.
No Rio de Janeiro, a realidade foi oposta. A chamada Operação Contenção, deflagrada nos complexos do Alemão e da Penha, terminou com 119 mortos, incluindo quatro policiais, e se tornou a mais letal do país desde o massacre do Carandiru, em 1992.
O governador Cláudio Castro comemorou a chacina, chamando-a de “sucesso” e afirmando que “de vítima, ontem, só tivemos os policiais”.
“Se queria ser lembrado como o governador da barbárie, conseguiu”, disse Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que acompanha casos de violência policial. Segundo ela, o episódio coloca o Brasil na contramão do mundo civilizado, onde inteligência e investigação substituem a lógica de extermínio.
Enquanto a Itália emprega tecnologia e paciência investigativa para desarticular a Máfia — rastreando comunicações criptografadas, desmontando redes financeiras e prendendo chefes como Tommaso Lo Presti sem disparar um tiro — o Rio de Janeiro segue transformando seus morros em campos de batalha. Tudo para nada.
A diferença não está apenas no método, mas na concepção de segurança pública: um país aposta na inteligência como instrumento de justiça; o outro, na barbárie como espetáculo político. A extrema-direita adora um banho de sangue.
No fim, as duas operações revelam mais do que táticas policiais — expõem civilizações distintas e o modo como cada uma decide lidar com o poder, o crime e a vida humana.
Veja o desabafo de quem MORA na favela. Os que a população de lá precisa é de cultura e educação, não de chacina.
CLAUDIO CASTRO CRIMINOSO pic.twitter.com/8lHgkZZSNb
— Romulo Dias 🇧🇷 (@RomuloBDias) October 29, 2025