Itamaraty cobra explicações de Israel sobre palestino-brasileiro morto em prisão

Atualizado em 26 de março de 2025 às 22:04
brasileiro-palestino Walid Khalid Abdalla Ahmad de camiseta amarela, posando sério para foto
O brasileiro-palestino Walid Khalid Abdalla Ahmad – Reprodução

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil convocou o embaixador de Israel no país, Daniel Zonshine, para prestar esclarecimentos sobre a morte do cidadão brasileiro-palestino Walid Khalid Abdalla Ahmad, ocorrida em uma prisão israelense. O encontro foi realizado na última segunda-feira (24), segundo informação divulgada nesta quarta-feira (26) pelo jornal O Globo.

De acordo com a embaixada de Israel, a reunião entre Zonshine e o secretário de África e Oriente Médio do Itamaraty, Carlos Duarte, já estava previamente agendada. Entretanto, fontes da embaixada indicaram que o diplomata foi questionado sobre o caso do jovem brasileiro-palestino.

Zonshine respondeu que o governo de Benjamin Netanyahu já iniciou uma investigação e que os resultados serão comunicados ao Itamaraty assim que disponíveis.

O Itamaraty também acionou o escritório brasileiro em Ramala e a embaixada em Tel Aviv para pressionar as autoridades israelenses a prestarem esclarecimentos. Diplomatas brasileiros estão em contato com a família de Ahmad.

Walid Khalid Abdalla Ahmad, de 17 anos, estava detido na prisão de Megido desde 2024 e morreu sem ter sido julgado. As circunstâncias de sua morte ainda não foram esclarecidas. A Federação Árabe Palestina no Brasil divulgou a notícia na segunda-feira (24), e o Itamaraty confirmou a informação no dia seguinte (25).

Benjamin Netanyahu sério, com a bandeira de Israel ao fundo
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel – Reprodução

Em nota oficial, o governo brasileiro cobrou de Israel uma investigação rápida e independente sobre a morte do jovem e exigiu transparência nos resultados: “Em linha com suas obrigações internacionais, o governo israelense deve conduzir investigação célere e independente acerca das causas do falecimento, bem como dar publicidade às suas conclusões”.

O Itamaraty também revelou que 11 brasileiros residentes no Estado da Palestina seguem detidos em Israel, a maioria sem acusações formais ou julgamento, o que configura uma violação do direito internacional humanitário. A Federação Árabe Palestina no Brasil classificou a prisão de Megido como um “campo de concentração”, denunciando casos de tortura, incluindo choques elétricos, espancamentos e privação de alimentos.

Desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, em outubro de 2023, o governo brasileiro tem defendido um cessar-fogo permanente e a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza. Além disso, o Brasil tem questionado publicamente a legalidade e os limites éticos das ações militares israelenses.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já condenou a atuação do governo Netanyahu em fóruns internacionais, ressaltando que, além de integrantes do Hamas, crianças, mulheres e civis inocentes estão sendo mortos nos confrontos.

Nos últimos meses, o governo brasileiro tem manifestado repúdio às restrições impostas por Israel à entrada de ajuda humanitária em Gaza e aos bombardeios em meio a tentativas de cessar-fogo temporário.

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