Itamaraty rebate as críticas dos EUA após condenação de Bolsonaro: “Não nos intimidarão”

Atualizado em 11 de setembro de 2025 às 21:38
Palácio do Itamaraty. Foto: Divulgação

O Ministério das Relações Exteriores divulgou nesta quinta-feira (11) um comunicado oficial em que rebateu declarações do governo dos Estados Unidos após a condenação de Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O Itamaraty destacou a autonomia do Judiciário e rejeitou as ameaças feitas por autoridades norte-americanas, classificando-as como tentativas de interferência em assuntos internos do Brasil.

“O Poder Judiciário brasileiro julgou, com a independência que lhe assegura a Constituição de 1988, os primeiros acusados pela frustrada tentativa de golpe de Estado, que tiveram amplo direito de defesa”, afirmou a chancelaria brasileira em nota publicada nas redes sociais.

Na mesma mensagem, o ministério reforçou a solidez das instituições nacionais. “As instituições democráticas brasileiras deram sua resposta ao golpismo. Continuaremos a defender a soberania do País de agressões e tentativas de interferência, venham de onde vierem”, acrescentou.

O texto também foi enfático ao citar diretamente a postura do secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio. “Ameaças como a feita hoje pelo Secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, em manifestação que ataca autoridade brasileira e ignora os fatos e as contundentes provas dos autos, não intimidarão a nossa democracia”, concluiu o Itamaraty.

As reações surgiram logo após a condenação de Bolsonaro pelo STF, que fixou pena superior a 27 anos de prisão. Em entrevista, o presidente Donald Trump declarou estar “surpreso” com a decisão e comparou o caso ao processo judicial que ele próprio enfrentou nos Estados Unidos. “Eu achava que ele era um bom presidente do Brasil, e é muito surpreendente que isso tenha acontecido”, disse Trump.

Na sequência, Marco Rubio utilizou suas redes sociais para intensificar as críticas. “As perseguições políticas por parte do violador de direitos humanos Alexandre de Moraes continuam, uma vez que ele e outros membros do Supremo Tribunal Federal do Brasil decidiram injustamente prender o ex-presidente Jair Bolsonaro. Os Estados Unidos responderão de forma adequada a esta caça às bruxas”, escreveu o secretário.

Segundo fontes do Palácio do Planalto, a fala do chefe da diplomacia norte-americana foi considerada grave e caracterizada como ingerência em questões domésticas. A avaliação é de que o Brasil responderá de forma proporcional a cada ofensiva vinda de Washington, preservando o princípio da soberania nacional.

Integrantes do governo Lula não descartam a possibilidade de novas sanções ou tarifas comerciais serem anunciadas pelos Estados Unidos nos próximos dias. No entanto, reforçam que o Brasil não aceitará negociar com a Casa Branca sob imposições. A posição oficial é a de que decisões da Justiça brasileira não são objeto de barganha diplomática.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.