Uma coisa que me deixa confusa nesses tempos é a moda de cancelar obras e artistas do passado.
Já cancelaram Monteiro Lobato, Bukowski, Polanski e Chico Buarque, que, apesar de vivo, não costuma ler o que dizem sobre ele nas caixas de comentários do G1.
Acontece que cancelamento retroativo não é uma boa ideia, simplesmente porque não se pode “cancelar” algo ou alguém que já marcou seu nome na história – seja como mártir, como rei ou como louco. Mas a militância definitivamente não está pronta pra essa conversa.
Por falar nisso, Iza e Emicida se recusaram a gravar uma música de Lobão numa novela da Globo.
Se fosse pela Globo, tudo bem. Mas foi pelo Lobão. Amigos, a gente não tem culpa se Lobão envelheceu mal e começou a falar bosta. Algumas músicas que ele lançou nos anos 80 são legais, e não faz qualquer sentido proibí-las como censuradores pós-modernos.
Lobão fez parte da história no passado e o fato de ele ter se tornado um reacionário babão não muda isso. Sim, pode continuar ouvindo “Radio Blá”, porque independentemente disso ele continuará no ostracismo.
O que não faz sentido é querer apagar pedaços de história da memória coletiva brasileira e chamar isso de militância.
Pelo amor da deusa. Cancelaram Monteiro Lobato (não que Lobão possa ser comparado a ele, mas como exemplo ilustrativo).
Monteiro Lobato, gente. Aquele que os millenials cresceram lendo e assistindo. Como pretendem apagar Monteiro Lobato da história?
É impossível.
Apenas o movimento natural das coisas dá conta disso, como prova o declínio de Lobão.
Que brilhem as Izas e Emicidas, que decaiam os Lobões, e que sejam questionados os Monteiros Lobato.