Mensagens trocadas no grupo de WhatsApp “Bancada PDT Câmara” revelam que a saída de Ciro Gomes do partido e sua filiação ao PSDB provocaram forte irritação entre deputados federais da sua antiga sigla. Segundo prints obtidos pelo Metrópoles, as críticas começaram logo após a divulgação da notícia de que o ex-presidenciável será candidato ao governo do Ceará nas eleições de 2026.
Entre os comentários, o deputado Pompeo de Mattos (RS) ironizou a decisão de Ciro, dizendo que ele “saiu sem deixar saudades”. O colega Joseni Ildo (AP) respondeu de forma ainda mais direta: “Pra mim já foi tarde”. As mensagens rapidamente evoluíram para uma troca de análises políticas e desabafos sobre o papel do ex-ministro dentro do partido.
Alguns parlamentares atribuíram a mudança de Ciro a um desgaste acumulado dentro do PDT e a um cálculo político voltado às próximas eleições. Félix Mendonça Júnior (BA) afirmou que o ex-candidato à Presidência “deixou a emoção ofuscar a inteligência” e comparou sua saída a uma fuga: “Entrou pela porta da frente e saiu pela janela basculante da área de serviço”.
O deputado Marcos Tavares (RJ) também usou metáforas para criticar a atitude de Ciro, dizendo que ele “inventou desculpas para encerrar a relação”, numa referência ao rompimento político com a legenda. Para Tavares, o movimento é pragmático e visa “aproximação com o PL”, partido de Jair Bolsonaro, o que representaria uma guinada à direita na trajetória do ex-governador cearense.
Félix Mendonça encerrou a discussão citando Maquiavel e dizendo que, para Ciro, “a ética parece subordinada à política”. Segundo ele, o pedetista estaria usando a “astúcia da raposa” para garantir poder e influência no novo partido. O tom das mensagens evidencia que a ruptura entre Ciro e o PDT foi marcada não apenas por diferenças ideológicas, mas por ressentimentos pessoais acumulados ao longo dos últimos anos.
A troca de mensagens ocorreu em um grupo restrito a deputados federais do partido, mas as críticas também se espalharam pelas redes sociais. A deputada Duda Salabert (MG) ironizou o anúncio de filiação de Ciro ao PSDB com a frase “Grande dia”, acompanhada de uma flor — símbolo do PDT —, em clara celebração à sua saída.
A filiação de Ciro ao PSDB ocorre em meio à tentativa do partido de se reposicionar no cenário nacional após sucessivas derrotas eleitorais. No Ceará, o movimento é visto como uma tentativa do ex-ministro de reconstruir espaço político após o rompimento com o governador Elmano de Freitas (PT) e o isolamento dentro do PDT, legenda à qual dedicou mais de 20 anos de carreira.