Já presidente, Bolsonaro gastou R$ 56 mil com gasolina, mas se recusa a dizer por que. Por Caique Lima

Atualizado em 5 de julho de 2020 às 18:00
Jair Bolsonaro. Foto: Evaristo Sa/AFP

No início de Junho, o grupo Anonymous Brasil publicou uma nota fiscal no nome de Bolsonaro.

Nela, o presidente teria gasto R$56.160,00 em 12 mil litros de gasolina comum no Auto Posto Confiança, no Rio de Janeiro:

Suposta nota no nome de Bolsonaro mostra gastos exorbitantes em posto de gasolina

O Auto Posto Confiança fica em Nova Iguaçu, onde Bolsonaro esteve no dia 15/02 num culto evangélico com Crivella.

Auto Posto Confiança em Nova Iguaçu. Foto: Reprodução/Google Maps

Ele pertence a Alessandro Calazans, ex-prefeito de Nilópolis e ex-deputado estadual, que foi amigo de Flávio Bolsonaro na Alerj por cerca de uma década.

Esta quantidade de combustível permitiria que o presidente rodasse por cerca de 96 mil quilômetros, ou seja, cerca 80 viagens de carro do Rio de Janeiro para Brasília.

O DCM procurou a SECOM e pediu um esclarecimento acerca da veracidade da nota via Lei de Acesso à Informação (LAI). 

A secretaria afirmou que a lei não abrange “assuntos relativos à vida pessoal de agentes públicos”.

Na mesma resposta, a SECOM ainda alegou que se trata de uma “suposição”:

“O objetivo da Lei de Acesso à Informação não é estabelecer que a Administração emita juízo de valor sobre fatos, tampouco suposições, publicadas em canais não oficiais do Poder Executivo Federal”.

Resposta obtida pelo DCM

De fato, a vida privada de agentes públicos não é coberta pela LAI, no entanto, este tipo de gasto vindo do presidente não seria novidade.

Em 2006, enquanto deputado, Bolsonaro chegou a gastar R$25 mil em um mês com gasolina.

E os gastos exorbitantes com este tipo de produto tampouco são de exclusividade do presidente: a bolsonarista Carla Zambelli, por exemplo, usou dinheiro público para abastecer quase 500 litros de combustível e ficar 4 dias em São Paulo.

Cartão corporativo:

Os cartões corporativos da presidência da república são usados, entre outras despesas, para o abastecimento de veículos oficiais.

Só entre janeiro e março deste ano, Bolsonaro gastou R$ 6,2 milhões de dinheiro público por meio deles.

Em agosto do ano passado (2019), ele prometeu que iria “abrir o sigilo” do cartão e mostrar os gastos detalhados.

No entanto, 11 meses depois, os números são guardados a sete chaves e só o total dos gastos está disponível no Portal da Transparência.