Já que nada vai acontecer mesmo, o melhor para o Brasil é separar Kajuru de Bolsonaro. Por José Cássio

Atualizado em 13 de abril de 2021 às 9:27
Bestas quadradas

Quando duas bestas quadradas se encontram o que dá? Em se tratando de Brasil, no imbróglio envolvendo Bolsonaro e Jorge Kajuru.

Não se sabe ao certo como começou, mas o desfecho não podia ser outro: o presidente, acusado de não dar crédito para suas iniciativas, teve uma conversa com o senador divulgada em suas redes sociais, segundo Kajuru, para mostrar aos seus eleitores o respeito de que desfrutava junto ao mandatário.

Só não considerou – alguém supõe que Kajuru considere alguma coisa? – o fato de ambos cometerem diversos crimes no diálogo que durou quase 7 minutos, sendo o principal conspirar contra ministros do Supremo Tribunal Federal.

Alguns dizem que tudo não passou de armação.

Por essa tese, Bolsonaro e Kajuru teriam combinado o teatro para mandar recados ao Congresso e ao Supremo.

Só uma mente muito criativa para imaginar que o senador e o presidente são capazes de combinar algo.

Ambos trilharam suas carreiras na base do vale-tudo: Kajuru já foi jurado de morte pelas bobagens que fala no rádio; Bolsonaro chegou a dizer que o Brasil precisava de limpeza social.

“Só vai mudar quando partirmos para uma guerra civil, fazendo um trabalho que o regime militar não fez. Matando uns 30 mil”, disse ao programa Câmera Aberta da TV Bandeirantes.

A polêmica entre ambos, amplamente discutida nesta segunda, 12, resultou num pedido de representação contra Kajuru no Conselho de Ética do Senado, por quebra de decoro, assinado por Flávio, filho de Bolsonaro, e nesta manhã de terça, 13, numa entrevista do radialista à Jovem Pan em que Kajuru diz que suas relações com o mandatário estão rompidas.

Ele explicou os motivos de ter ligado para o presidente.

“Liguei para defender a minha honra e a de meus colegas senadores, desrespeitados por ele [Bolsonaro] e chamados de canalhada”.

Kajuru, que se disse amigo de Bolsonaro, agora cortou relações:

“Nunca mais falo com ele”, criticou. “Está rompida a relação. A relação que era boa, cordial e respeitosa, acabou. Eu não guardo rancor. Não serei contra o governo dele, porque ser contra ele é ser contra o Brasil. Mas a relação está rompida”.

Em que pese a gravidade dos diálogos divulgados, separar Bolsonaro de Kajuru não é exatamente uma má ideia.

O melhor seria mandar cada uma para sua casa, de forma que parem de combinar bobagens e com isso criar mais problemas para um país desgovernado.

Como isso não será possível, dado que ambos estão aí, firmes e fortes, a despeito de tudo, fica de bom tamanho a separação.

O Brasil agradece. Um problema a menos para resolver.