‘Jair não tem quadros para substituir Onyx Lorenzoni na Casa Civil’, diz Bebianno. Por José Cássio

Atualizado em 5 de fevereiro de 2020 às 16:10
O presidente Jair Bolsonaro ao lado do ministro Onyx Lorenzoni – Evaristo Sá/AFP

Um dos principais críticos do governo de Jair Bolsonaro, o ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, falou com o DCM nesta quarta sobre a fritura do ex-colega Onyx Lorenzoni no ministério da Casa Civil.

“Acho péssima essa situação de eterna dúvida”, disse Bebianno.

“A casa civil é muito importante para qualquer presidente e deveria funcionar com toda plenitude e vigor. Mas tudo é muito difícil com o Jair. Ele tem dificuldade em compreender as coisas e é bastante precipitado. O Onyx tenta ajudar, mas não consegue”.

Em uma tentativa de diminuir a pressão que vem sofrendo, Onyx demitiu mais dois auxiliares e até o fim da semana pretende fazer uma reestruturação da pasta e novas mudanças devem ser anunciadas.

Até aqui foram desligados o secretário especial de Relações Governamentais, Giácomo Trento, e o ex-senador Paulo Bauer (PSDB-SC), assessor especial da Secretaria de Relacionamento Externo da Casa Civil.

Já são quatro as baixas no ministério em uma semana, com destaque para o secretário executivo Vicenti Santini, mandado embora após usar um avião da FAB para uma viagem ao Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça, e, depois, para Nova Délhi, na Índia.

Santini, por ser amigo dos filhos do presidente, acabou ganhando um novo cargo mas caiu de novo com a repercussão negativa nas redes sociais, desta vez dispensado a mando do próprio presidente – após, foi exonerado também o assessor de Comunicação de Onyx, Gustavo Chaves Lopes.

“No lugar dele, eu já teria pedido o chapéu há muito tempo”, diz Bebianno sobre o ministro-chefe da Casa Civil.

“Não tenho temperamento para ser humilhado por ninguém, muito menos por um cara que já demonstrou não ter nenhum apreço ou lealdade com a sua própria tropa. Lealdade é uma via de mão dupla, e ingrediente fundamental para qualquer líder. Jair Bolsonaro não é um. Como consequência, mantém ao seu redor apenas os bajuladores. O preço disso será cobrado em algum momento, e não será barato”.

O ex-ministro que virou desafeto de Jair preferiu não responder sobre a queda ou não de Onyx, mas deu uma dica sobre o que deverá acontecer se a saída se concretizar.

“Com certeza será substituído por algum jovem incompetente ou então por alguém que ele nem conhece direito. Jair não tem quadros”.