Janderson, aka Prem Baba, guru de Aécio, rifou o Mineirinho mais rápido que a flecha de Arjuna. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 25 de dezembro de 2017 às 17:24
Janderson, aka Sri Prem Baba, e Aécio: “Quer dizer que não funcionou”

Se Michel Temer foi benzido por um babalorixá fake — Roberval Batista de Uzêda, o pai Uzêda, figura folclórica que fatura em cima da falta de vergonha do Congresso —, Aécio Neves tem um “guru indiano” nascido no bairro da Aclimação, em São Paulo.

Janderson Fernandes de Oliveira virou o Sri Prem Baba no início dos anos 2000 e usa o figurino completo — barba branca até o joelho, roupas tradicionais de Nova Délhi, chinelo de dedo e fala mansa.

Ele diz que estudou com o mestre hindu Sri Raj Maharaj Ji em Rishikesh, a “capital mundial da ioga”. A BBC conta que atende gente como João Doria, o governador do Acre Tião Viana, do PT, Marina Silva, Marconi Perillo, Reynaldo Gianechinni, Marina Ruy Barbosa, Juliana Paes, Bruna Lombardi.

Essas “celebridades” são o cartão de visita para os manés endinheirados que copiam seus maus hábitos.

“Infelizmente ainda é difícil pra alguns compreenderam o que eu estou fazendo. Então as pessoas acabam entendo como campanha. E não é nada disso, estou tentando abrir caminhos para compaixão na política”, alega.

Um vídeo do YouTube de Prem Baba tem mais de 600 mil visualizações. Com um sotaque estranhamente carioca para um paulistano da gema, ele narra sua história e canta uma música esquisita no final.

Se o chamam de charlatão, ele devolve, passivo agressivo: “Será que eu sou? Estou aberto para o autoquestionamento”. Vai saber.

Janderson faz um melê de autoajuda que mistura religiões orientais, psicologia, psicanálise e completo nonsense. Cobra bem. Um tal Retiro do Silêncio, programado para 2018, está sendo vendo a US$ 900.

Os ricos o amam. Janderson tem um discurso que agrada esse pessoal. Segundo ele, a busca por autoconhecimento e a resolução pessoal de conflitos internos é “a única saída para a polarização”.

“É preciso combater o ódio com o amor. Não é ok bater em um nazista, porque não adianta. Você só vai aumentar a vontade dele de machucar mais ainda”, afirma. Não é bacana?

Prem Baba está surfando na fama porque sabe que uma hora ela acaba. É uma versão peluda do mineiro Thomaz Green Morton, o homem do “rá!” (seu grito energizante), célebre nos anos 80 como um “paranormal” que jurava ter desenvolvido seus poderes depois de atingido por um raio.

Um cortejo de famosos — Gal Costa, Elba Ramalho, Ivo Pitanguy, Baby Consuelo, Sérgio Reis — ia a seu sítio e fazia propaganda. No auge, cobrava 20 mil dólares por um “tratamento de energização”.

Janderson deu uma festa em novembro para comemorar seus 52 anos. Foi num galpão no Campo de Marte, com ingressos a 40 reais, esgotados semanas antes. Só o beautiful people. Medalhas com duas opções de fotos de seu rosto eram comercializadas a R$ 25, camisetas a R$ 120 e uma pulseira a R$ 800.

Em 2015, ele esteve com Aécio Neves, que postou a foto com o mestre em suas redes sociais com a legenda “um encontro muito especial”. Prem Baba rifou o Mineirinho mais rápido que a flecha de Arjuna: “Quer dizer que não funcionou… Ou então plantei a semente depois. Vai saber?” 

Vai saber.