Jimmy Page aos 70: um olhar para o maior guitarrista da história do rock

Atualizado em 24 de outubro de 2014 às 16:32

O texto abaixo foi escrito há um ano, quando Jimmy Page foi eleito pelo colunista Emir Ruivo o maior guitarrista da história. Republicamos hoje em homenagem aos 70 anos deste gênio imortal, completados ontem.

 

Jimmy Page não ganhou esta posição com o nome, com uma bela roupa ou com uma dança esperta. Ele não tocou com as duas mãos no braço, não fez sons de bombas, não colocou fogo na guitarra. Ele tocou um instrumento e o explorou nos seus campos mais óbvios – o da harmonia e o da melodia.

Ele ganhou esta posição tocando guitarra. Só tocando guitarra, como um pintor que emociona simplesmente pelo retrato desenhado numa tela, e que não precisa, por exemplo, pintar a moldura ou a parede.

Nenhum guitarrista do mainstream pontuou alto como ele na nossa tentativa de tornar objetivo o subjetivo, porque este cara navegou por mais emoções, com mais assertividade, destreza, habilidade e coragem que qualquer outro. Nem sempre preciso como Brian May, nem sempre agressivo como Jimi Hendrix. Mas, em geral, melhor que ambos.

Jimmy Page começou sua carreira como guitarrista de estúdio em Londres. Sabe aquela versão do Joe Cocker de “With A Little Help From My Friends”? A guitarra é de Page. Depois tocou nos Yardbirds e, segundo a Rolling Stone americana, acabou herdando o nome da banda. A formação do Led Zeppelin já era a que seria eternizada quando eles ainda chamavam The New Yardbirds. Por sugestão de Keith Moon, baterista do The Who, mudaram o nome.

Nos tempos em que esta banda existiu, Page criou uma obra vasta. Penso que se em milhões de anos, áliens chegarem por aqui e encontrarem apenas os discos do Led Zeppelin, eles pelo menos terão uma idéia clara de como era tocada uma guitarra, nas mais diversas possibilidades. Não acho que posso dizer isso sobre qualquer outro guitarrista.

Jimmy Page é a personificação mais perfeita possível do Guitar Hero. Não apenas porque ele foi um grande guitarrista, mas também porque todo herói precisa de um vilão. E Page teve um Vocal Villain, Robert Plant, à altura. Seus duelos pela atenção do espectador elevaram ambos.

O leitor José Guerra, participante da promoção do DCM, disse com uma parcela grande de razão que (com a licença de mudar alguns termos, mas sem trocar o sentido), Page solou como Eddie Van Halen, fez riffs como Keith Richards, teve a força de Pete Townshend, tocou blues como Eric Clapton, teve a performance do Jimi Hendrix. Realisticamente, eu não iria tão longe (embora o ache até melhor que alguns, em muitos momentos), mas acho coerente dizer que ele foi, em média, 80% de cada um deles num guitarrista só.

Por sua versatilidade, Page influenciou uma gama muito diversa de guitarristas. Seu riff de Good Times Bad Times é um embrião da guitarra Punk Rock. Johnny Ramone, um dos principais precursores do movimento, considerava Page “provavelmente o maior guitarrista que jamais existiu”. Eddie Van Halen também se inspirou em Jimmy para criar sua famosa técnica em que toca com as duas mãos no braço. “Eu vi Jimmy Page fazendo o solo de Heartbreaker e pensei ‘peraí’”. Dave Mustaine, do Megadeath, afirmou em entrevista que “Jimmy Page era o cara que buscava ser”.  Alex Lifeson, do Rush, disse à Guitar Player: “eu queria tocar como ele, me vestir como ele, ser como ele”.

Page continuará por décadas, talvez séculos, a ser reverenciado por fãs e a influenciar guitarristas pelo mundo. Porque quando ele deixar de ser ouvido, será porque a guitarra deixou de ser ouvida.

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