
O prefeito do Recife, João Campos (PSB), que foi reeleito em primeiro turno no último domingo (6) com mais de 725 mil votos (78,11%), afirmou, em entrevista ao jornal Globo, que as eleições mostraram que a esquerda deve ter um discurso mais próximo da vida das pessoas do que, necessariamente, teses de posicionamento político:
Os resultados mostram uma força do bolsonarismo em geral no Brasil. Como o senhor, mesmo sendo de outro campo, conseguiu ter uma votação expressiva?
As pessoas esperam que o prefeito acorde cedo, trabalhe muito e, ao final do dia, as pessoas sintam que a vida delas está melhorando. Então, eu de fato dediquei a minha vida a trabalhar pelo Recife. O que a gente colhe aqui é um resultado desse trabalho. De um ponto de vista político, eu digo sempre que o chefe do Executivo tem que ter o papel de juntar as pessoas.
A gente não pode estar se apegando à divisão. Conseguimos passar esse sentimento. Uma gestão que entregou muito, que buscou juntar e unir o Recife. As pessoas esperam cada vez da política uma capacidade de entrega, de fazer com que atenda às expectativas.
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Mas qual a lição que as urnas trazem para a esquerda em geral?
Depende do contexto local. Mas eu acredito que as pessoas estão muito mais sedentas por um projeto de cidade que de fato se realize, como quando eu faço o dobro de vagas de creche, obra de hospital, expansão de serviços de saúde, transformação digital, obra de infraestrutura com recorde na periferia, grandes obras de mobilidade. As pessoas querem que a cidade melhore.
Diria que a gente precisa ter um discurso mais próximo da vida das pessoas do que necessariamente teses de posicionamento político. A cidade é um local do concreto, é onde a calçada existe, a iluminação existe, a rua existe. Tem que ter uma capacidade concreta de fazer e ter um cuidado com uma disputa de narrativa de campo ideológico em que na prática as pessoas dizem: “Tudo bem, mas quem é que vai fazer o que eu preciso para minha cidade?”. (…)