Categories: DestaquesEsporte

João Doria e a CBF têm absolutamente tudo a ver

Ele

 

A explicação do presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, para o convite a João Doria Jr para ser chefe de delegação da seleção brasileira é um primor de desconversa.

“A CBF procura viver um novo momento, para que todos conheçam de perto ela (sic). Não quero mais ouvir falar em caixa-preta, quero mostrar o que mais podemos fazer”, falou na coletiva em que Dunga anunciou os convocados da Copa América.

“Trouxemos um homem como o João Dória, que é jornalista e torce pelo Brasil. Um dia pode ser você, por que não?”, completou, dirigindo-se ao jornalista que fez a pergunta. Em resumo: podia ser qualquer um. Doria é apenas um torcedor, ué.

Se Del Nero queria mostrar o que mais podia fazer, mostrou. Mais do mesmo. A arrogância da entidade continua a de sempre. Prestar contas sobre as decisões não é necessário.

O cargo é protocolar. Se você souber um único nome de um ocupante da função ganha um pirulito. É uma forma de homenagear pessoas que, na visão da CBF, prestaram algum serviço ao esporte. Na Copa de 2014 foi o então presidente do Coritiba, Vilson Ribeiro de Andrade.

O que explica Doria?

É um recado político. Aécio Neves é amigo de José Maria Marin, o ex-presidente. Marin e Del Nero apoiaram Aécio na campanha eleitoral. Em 2013, Aécio manobrou para enterrar a CPI da CBF, juntamente com seu velho parceiro Zezé Perrella, ex-chefão do Cruzeiro.

JD organizou diversos convescotes para Aécio e outras lideranças do PSDB na campanha para “levantar fundos”. Tinha a promessa de um ministério, caso Aécio fosse eleito. Fica com um prêmio de consolação.

Doria, um tucano de quatro costados cuja editora ganhou 600 mil reais do governo Alckmin no semestre passado para lançar revistas que ninguém lê e que, nos últimos meses, vem pregando tresloucadamente o impeachment de Dilma, entra numa cota pessedebista.

O que JD leva com a “convocação”? Vai escolher alguns bons vinhos para os jantares, aparecer e exercer sua especialidade: tráfico de influência. É impossível ele não tirar alguma vantagem.

O “empresário” que vive pregando contra a corrupção aceitou em dois palitos, feliz como pinto no lixo, fazer parte de uma instituição que, como diz Romário, “age no subterrâneo da política”. Galvão Bueno não entendeu, mas João Doria Jr e a CBF têm absolutamente tudo a ver.

Kiko Nogueira

Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

Disqus Comments Loading...
Share
Published by
Kiko Nogueira

Recent Posts

Filhos do fundador das Casas Bahia brigam na justiça pela herança do pai

A disputa pela herança de Samuel Klein, fundador da Casas Bahia, atingiu um novo patamar…

20 minutos ago

Ação contra ex faz juíza dos EUA se irritar com Valdemar e pedir sua presença no país

Nesta quinta-feira (2), uma audiência judicial virtual nos Estados Unidos envolvendo um processo movido pelo…

42 minutos ago

Essencial: Lula envia R$ 55 milhões ao RS; Bruno Paes Manso fala ao DCM sobre ligações de prefeituras com o PCC

https://www.youtube.com/watch?v=4KyxpJKiyLo Professor Viaro faz o giro de notícias e entrevista os escritores Bruno Paes Manso…

1 hora ago

Chuvas no RS: Leite faz demagogia, mas aprovou só R$ 50 mil para Defesa Civil

  Já são 134 municípios gaúchos registrando problemas decorrentes dos altos volumes de chuva dos…

2 horas ago

Remoer o passado ou respeitar o presente? Por Kakay

O argumento usado pelo Presidente Lula e por alguns ministros sobre a não instalação da…

2 horas ago

Abstinência, mulher de Piquet e Xuxa: relembre entrevista histórica de Ayrton Senna

Ayrton Senna, que morreu há 30 anos em um acidente na Fórmula 1, revelou em…

2 horas ago