Joaquim Barbosa, no Datafolha, tem toda a cara de armação. Por Fernando Brito

Atualizado em 17 de abril de 2018 às 14:53

Texto publicado no Tijolaço.

Por Fernando Brito.

Acessei os dados completos da pesquisa Datafolha.

É um caso curioso o do ex-ministro Joaquim Barbosa.

Na pesquisa espontânea, aparece com 1%.

Nas estimuladas, vai de 8 a 10%.

Quer dizer, traduzindo os percentuais em “gente”: só um em cada cem brasileiros lembra-se do nome de Joaquim Barbosa.

Mas, quando apresentados a seu nome, multiplicam-se por oito a dez vezes.

Não se tem notícias de que o senhor Joaquim Barbosa tenha tido algum ato de heroísmo ou de intensa participação politica de fevereiro para cá. Nem mesmo publicou um post sequer nas redes sociais.

E como é que em menos de dois meses e meio Barbosa dobra suas inteções de voto, que na pesquisa datafolha de 31 de janeiro, ficavam entre 3 e 6%?

Não é, porém, a única curiosidade do Datafolha.

A Folha diz, em manchete, que Lula perdeu pontos.

Deveria ter, portanto, aumentado a rejeição a quem é apresentado como um abjeto presidiário.

Mas – que surpresa! – a rejeição a Lula caiu de 40 para 36%. Ou seja, só 36%, pouco mais de um terço, “não votaria em Lula de jeito nenhum”.

O que é absolutamente compatível com os resultados que ele alcança em simulações de segundo turno – entre 46 e 48% do total de votos, ou 60% dos votos válidos, excluídos nulos e brancos.

Os números de Barbosa, conquanto contraditórios estatisticamente, fazem todo o sentido político.

Jogam a mosca azul eleitoral nos dirigentes do PSB, divididos entre a ala que quer apoiar Lula (o governador Paulo Câmara, de Pernambuco) e a que está cooptada por Geraldo Alckmin, comandada por Márcio França.

Talvez seja isso (ou talvez não, por conta da vaidade do personagem) que esteja segurando o anúncio de sua candidatura.

Talvez a sua vaidade não o impeça de ver que os números estão inflados, para que se infle seu ego.

Dificilmente será o candidato da esquerda e lhe será difícil (e fatal) ser o candidato da direita.

O papel de “justiceiro” está, ao que parece, ocupado.

Restaria o do homem capaz de compor, com equilíbrio e diálogo, a harmonia da política.

De longe, sem tecer considerações sobre o seu pensamento político – totalmente desconhecido, por seu silêncio -, parece o perfil errado para Joaquim Barbosa.