
O comentarista da GloboNews Joel Pinheiro elogiou a megaoperação policial no Rio de Janeiro que deixou mais de 120 mortos na terça-feira (28). O posicionamento de Joel foi feito ainda no primeiro dia da ação, quando o número oficial de mortos era de 64. Ele afirmou que seria necessário compreender quantos dos mortos eram “vítimas colaterais” antes de avaliar a operação como “bem-sucedida”.
“A gente precisa saber o que aconteceu direito no dia de hoje. Qual é o balanço dos números? Quantos desses 64 mortos, sabemos que 4, infelizmente, eram policiais, e desses outros 60, quantos de fato são bandidos em confronto com a polícia e quantos são inocentes, pegos como vítimas colaterais? Isso vai nos ajudar a dizer o quão bem-sucedido, ou não, foi essa operação”, declarou Joel.
Oi, @JoelPinheiro85, não existe pena de morte não importa quem seja. Há mais de 100 corpos. A categoria bandido/suspeito/não inocente apenas serve para justificar execução sumária extrajudicial. Seria legal escutar análises condizentes com uma democracia
pic.twitter.com/vhHgt8LJLp— Thiago Amparo (@thiamparo) October 29, 2025
A operação, comandada pelo governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), resultou em 121 mortos, segundo balanço oficial atualizado, sendo quatro policiais e 117 suspeitos de envolvimento com o tráfico.
Houve ainda 113 prisões, entre elas 33 pessoas de outros estados e 10 menores de idade. As forças de segurança apreenderam 91 fuzis, 26 pistolas, um revólver e toneladas de drogas, ainda não contabilizadas.
O governador Cláudio Castro afirmou que a operação foi um “sucesso” e que apenas os quatro policiais mortos devem ser considerados “vítimas”.
Castro não comentou, no entanto, o achado de dezenas de corpos por moradores em uma área de mata no Complexo da Penha. A operação foi classificada por ele como “a mais complexa e importante da história recente do estado”.
Durante entrevista coletiva, o secretário da Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes Nogueira, explicou que as forças de segurança criaram o que chamou de “Muro do Bope”, uma estratégia de cerco para empurrar os criminosos em direção à mata da Serra da Misericórdia.
“A ideia foi avançar pela serra para cercar os criminosos e impedir a fuga. Outras equipes do Bope já estavam posicionadas na parte superior do morro”, afirmou.

O secretário de Segurança Pública, Victor Santos, disse que o “dano colateral” foi “muito pequeno”, considerando que “apenas quatro pessoas inocentes morreram” durante os confrontos. Segundo ele, a ação envolveu cerca de 2,5 mil policiais civis e militares e foi considerada de alto risco.
“Naquela ocasião, é impossível fazer algo que não seja preservar sua vida. A polícia não tinha sequer ciência da existência deles”, justificou Santos, ao ser questionado sobre os corpos encontrados por moradores.
O secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, afirmou que será aberta uma investigação por fraude processual contra quem participou da remoção dos corpos localizados na mata. Mais de 70 cadáveres foram retirados por moradores e levados até uma praça da comunidade. “É preciso apurar se houve violação de procedimentos legais e interferência em uma cena de crime”, disse Curi.
Moradores relatam que encontraram vítimas com ferimentos de tiro na cabeça, nas costas e nas pernas. Defensores de direitos humanos classificaram o episódio como o “maior massacre da história do Rio de Janeiro” e pediram a presença de peritos internacionais para acompanhar as investigações.