Jogador da seleção de vôlei que fez gesto pró-Bolsonaro foi xingado de “macaco” e mandado “voltar pro zoológico”

Atualizado em 16 de setembro de 2018 às 13:26
No alto, Wallace e Maurício homenageiam Bolsonaro

Depois das partidas contra Egito e França no Mundial de vôlei, os jogadores da seleção brasileira Wallace e Maurício Souza fizeram propaganda de seu candidato Jair Bolsonaro na foto oficial.

Imagens postadas pela Confederação Brasileira de Vôlei mostram os dois fazendo gesto com as mãos remetendo ao número 17, o de Bolsonaro.

A pegadinha virou polêmica e o retrato acabou deletado.

A CBV emitiu uma nota dizendo que “repudia qualquer tipo de manifestação discriminatória, seja em qualquer esfera, e também não compactua com manifestação política”.

Complementa: “Porém, a entidade acredita na liberdade de expressão e, por isso, não se permite controlar as redes sociais pessoais dos atletas, componentes das comissões técnicas e funcionários da casa”.

Maurício não surpreende.

Em 2014, foi ao Facebook reclamar de uma novela da Globo com aquela conversa indigente de jeca bolsominion.

“Querem mostrar e colocar na cabeça dos brasileiros que trai (sic) a mulher, ser gay entre outras coisas é normal e que é legar ser e fazer essas coisas”, escreveu.

No ano passado, bradou que é de um tempo “onde (sic) fumar era bonito e dar a bunda era feio”. O sujeito tem o bolsonarismo no DNA.

O caso de Wallace é mais triste.

Em março de 2012, quando atuava pelo Cruzeiro em confronto com o Minas na Superliga, foi xingado de “macaco”, entre outras coisas.

Relatou que ficou especialmente chocado com uma torcedora que o mandou “voltar pro zoológico”.

“O pior foi ter vindo de uma mulher, era o que eu menos esperava. Se fosse um homem, beleza, dava para chegar de frente, bater. Agora, uma mulher… Vai fazer o quê? Isso é coisa de quem não tem respeito por si próprio. É frustrante isso, não dá para aceitar. Isso é gente que não tem família”, desabafou.

“Quando fui chamado, fiquei procurando, mas aí já não consegui, desfoquei total do jogo. Isso não é desculpa por ter jogado mal depois. Mas, sinceramente, não tive psicológico para levar isso aí”.

Wallace é eleitor de um sujeito que foi denunciado na PGR por declarar o seguinte: “Eu fui num quilombo, o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem para procriador ele serve mais. Mais de R$ 1 bilhão por ano é gastado com eles”.

Wallace evitou falar de seu caso e nunca se posicionou sobre o racismo, na melhor tradição do esporte nacional.

No máximo, sugeriu uma reflexão.

“A pessoa vai colocar a cabeça no travesseiro e vamos ver se vai ficar com a consciência tranquila”, declarou.

Pois é.

Maurício não surpreende