Love In The Future, novo álbum do cantor, soa mal resolvido como sua carreira.
John Legend poderia ter sido o novo Jamiroquai. Menos performático, mais grave na voz, menos acid e mais jazz. Pode parecer que tem muita diferença – e tem mesmo. Mas ainda assim ele poderia ter mordido o espaço deixado pela banda de JQ.
Mas entre indas e vindas pelo jazz, pelo soul, pelo R&B, o cara acabou não criando uma identidade. Ou criou. Confusa. Entre as regravações de Marvin Gaye e as parcerias com Kanye West, alguma coisa ficou mal resolvida.
Da mesma forma, “Love In The Future” soa confuso. Começa com uma faixa experimental que leva o nome do disco. Não é ruim. Mas não está clara a intenção. Segue com “The Beggining”, um Hip-hop/R&B/dub sem dinâmica. Não é ruim. Mas não está clara a intenção.
Segue com uma canção R&B, “Open Your Eyes”. Não é ruim. Mas não está clara a intenção. “Made To Love” é interessante. Mas ainda não está clara a intenção.
A primeira música boa, clara, objetiva, é Who Do We Think We Are, de Marvin Gaye. Boa música, bem arranjada, bem produzida, bem mixada. Mas aí a gente volta para a mesma lenga lenga. “All Of Me”? Não é ruim. Mas não está clara a intenção.
Legend tem uma bela voz. Talvez uma das melhores interpretações entre os cantores de soul-pop atuais. Ele é até ganhador de Grammy. O que me faz pensar ainda mais que é uma pena que não tenha conseguido se encontrar. Este álbum poderia ser um belo disco, pelas composições e pela voz do dono do CD. Não é, porque há alguma falha na criação do conceito. Talvez seja pretensioso de mais. Talvez tenha havido um perfeccionismo anti-criativo.
Mas é bom lembrar: o disco não é ruim. Só não está clara a intenção.
John Legend – Love In The Future
nota: 4