Jordy “efetivamente orientava” golpista que promovia atos antidemocráticos, diz Moraes

Atualizado em 18 de janeiro de 2024 às 13:37
O deputado bolsonarista Carlos Jordy (PL-RJ). Foto: Reprodução

Alvo de busca e apreensão da Polícia Federal nesta quinta (18), o deputado Carlos Jordy (PL-RJ) tem uma “forte ligação” com organizador de atos golpistas, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR). Foram encontradas mensagens trocadas entre o parlamentar e Carlos Victor Carvalho, apontado como “liderança da extrema-direita” de Campos dos Goytacazes (RJ).

Em diálogos interceptados pela PGR, Carlos Victor pede orientações e autorização de Jordy para organizar atos golpistas após as eleições de 2022, quando o ex-presidente Jair Bolsonaro foi derrotado por Lula. Veja uma das conversas de 1º de dezembro daquele ano:

Carlos Victor: Bom dia meu líder. Qual direcionamento você pode me dar? Tem poder de parar tudo.

Carlos Jordy: Fala irmão, beleza? Está podendo falar aí?

Carlos Victor: Posso irmão. Quando quiser pode me ligar.

Os dois chegaram a se falar por telefone no dia 17 de janeiro de 2023, uma semana depois dos ataques terroristas de 8 de janeiro, enquanto Carlos Victor estava foragido.

A decisão de Moraes usa o diálogo acima para demonstrar o fato de que o deputado bolsonarista “efetivamente orientava” pelo menos uma liderança golpista. Abaixo, um trecho do despacho que determinou as buscas ocorridas na manhã desta quinta-feira (18):

“Especificamente em relação ao parlamentar CARLOS ROBERTO COELHO DE MATTOS JÚNIOR (Deputado CARLOS JORDY), nota-se que as diligências investigativas levadas a cabo pela Polícia Federal revelaram uma forte ligação entre ele e o investigado CARLOS VICTOR DE CARVALHO, ‘uma liderança da extrema direita local’, responsável não somente pela administração de vários grupos de WhatssApp com temática de extrema direita, mas também pela organização dos inúmeros eventos antidemocráticos na cidade de Campos/RJ, e a presença de indícios de que o Parlamentar seria a pessoa que efetivamente orientava as ações em tese organizadas por CARLOS VICTOR, não se tratando portanto apenas de uma relação de afinidade entre ambos.”

Bolsonaristas pedem intervenção militar em ato golpista na cidade de Campos dos Goytacazes (RJ). Foto: Reprodução

A investigação aponta Carlos Victor como administrador de 15 grupos no WhatsApp “com temáticas extremistas“. Há indícios de que ele organizou “eventos antidemocráticos” na cidade de Campos dos Goytacazes.

Ele e Jordy tinham o “hábito de trocar mensagens” e registraram 627 contatos por meio de de textos, áudios, anexos e ligações. A maior parte dos diálogos ocorreu entre agosto e outubro de 2022, na campanha eleitoral.

Além de Jordy e Carlos Victor, também foram alvo das ações da Lesa Pátria nesta quinta André Luis Santos Carneiro, Charles Adriano Siqueira de Souza, José Maria Mattar, Juliana Machado da Silva Ribeiro, Leonardo Loureiro Ferraz, Lucia Maria Caxias dos Santos, Luiz Eduardo Campos de Oliveira, Neide Mara Gomes Palmeira e Raquel Nunes Barbosa.

“Suas condutas ocorreram no contexto dos atos golpistas ocorridos na Esplanada dos Ministérios em 8/1/2023, com destruição dos prédios do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e, com muito mais raiva e ódio, do Supremo Tribunal Federal, fatos amplamente investigados em diversos procedimentos que tramitam nesta Suprema Corte”, afirmou Alexandre de Moraes, ministro da Corte, em sua decisão.

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