Neste sábado (2), o jornal O Globo publicou uma entrevista com o advogado-Geral da União, Jorge Messias, para falar sobre a relação do presidente Lula (PT) com os evangélicos e com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), após o bolsonarista fantasiar uma fake news contra Guilherme Boulos (PSOL) no dia do segundo turno de eleições na capital paulista. Na ocasião, Tarcísio insinuou que membros do crime organizado orientaram votos no rival de Ricardo Nunes (MDB):
Como está o diálogo com os evangélicos?
Converso sempre com várias lideranças do meio evangélico. Temos conseguido avanços muito importantes. O presidente detesta fazer proselitismo, e está certo. Ele não é essa figura artificial que vai ficar fazendo movimentos para ganhar dois, três pontos em pequisas de aprovação. Em nenhum momento, buscamos tirar Bolsonaro do púlpito e colocar o presidente Lula. O grande mérito do governo Lula é fazer com que as coisas se acalmem para que nós possamos colocar no púlpito aquele que que de fato nunca deveria ter saído: Jesus Cristo.
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Falaram que ele iria fechar as igrejas e foi no governo dele (anterior) em que mais se abriu igrejas, porque ele aprovou a lei de liberdade religiosa. Isso tudo foi sendo construído para que do ponto de vista imagético o presidente Lula fosse colocado como alguém que atentasse aos valores fundamentais do povo evangélico. Quando na verdade, o presidente teme a Deus. Sei disso pelas nossas conversas.
O senhor disse que as autoridades deveriam avaliar a fala em que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, disse que havia uma recomendação de voto do PCC em Guilherme Boulos. O que deveria ocorrer?
Quem deve olhar para a conduta não sou eu. Opinei na condição de jurista. A fala do governador no curso do processo eleitoral, imputando uma situação realmente desfavorável a um candidato e sem base fática, tem que ser investigada como abuso de poder político.
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Como vê as iniciativas do Congresso para limitar os poderes do Supremo Tribunal Federal?
Não é correto fazer uma discussão dessa envolvendo competências e atribuições do Poder Judiciário sem a participação do Judiciário. Quero crer que, ao fim e ao cabo, a nossa democracia vai ser fortalecida com a preservação das competências dos Poderes.
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O senhor foi incumbido pelo presidente de preparar uma proposta de reformulação das agências reguladoras. O que vai propor?
Há grande distância da capacidade regulatória do Estado das reais necessidades da população. Se usuários, Congresso, setor econômico e governo não estão satisfeitos, por que não mudar?
Como exatamente?
Existe a supervisão regulatória, que é a necessidade de avaliar o desempenho das agências. Hoje ninguém faz isso. É o ponto de partida e não depende de alteração legislativa. Mas existem outras questões. Temos de fazer avaliação de desempenho dos diretores dessas agências. Temos notícias de processos que ficam dois, três anos com vista e não são devolvidos.