Jorge Messias, favorito de Lula, enfrenta movimento no STF a favor de Pacheco; entenda

Atualizado em 15 de outubro de 2025 às 7:06
O ministro-chefe da AGU (Advogado Geral da União), Jorge Messias, deixa a tribuna do Supremo após fazer sustentação oral em processo. Foto: Pedro Ladeira

Apontado como favorito de Lula (PT) para ocupar a vaga deixada por Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, enfrenta resistência dentro da própria Corte, conforme informações da Folha de S.Paulo.

Ministros do Supremo articulam uma campanha em favor do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que ganhou força nos bastidores do Judiciário com apoio explícito de Davi Alcolumbre (União-AP).

A movimentação cresceu no segundo semestre de 2025, à medida que se aproximava o fim do mandato de Barroso na presidência do tribunal. Entre os ministros que demonstram simpatia por Pacheco estão Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e Flávio Dino. O senador também conta com o apoio de Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.

Na terça-feira (14), Lula se reuniu no Palácio da Alvorada com Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cristiano Zanin e o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, para discutir a sucessão de Barroso. A conversa reforçou a percepção de que parte da Corte atua para impulsionar o nome de Pacheco.

Crise do IOF aproximou Pacheco do Supremo

O movimento pró-Pacheco ganhou força em julho, durante a disputa entre o governo e o Congresso pela manutenção do decreto que elevava o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Por orientação de Lula, a AGU ingressou no Supremo com um pedido de declaração de constitucionalidade do decreto, mas ministros preferiram que Pacheco, e não Messias, conduzisse a interlocução entre os Poderes.

O senador ampliou sua influência ao participar do Fórum Jurídico de Lisboa, organizado pelo Instituto de Gilmar Mendes. No evento, foi palestrante ao lado de Alexandre de Moraes, em meio à crise política causada pela derrubada do decreto do IOF.

Na ocasião, ministros e congressistas defenderam que Pacheco assumisse a função de mediador entre o STF, o governo e o Congresso. Lula, no entanto, manteve Messias e Fernando Haddad (Fazenda) na linha de frente.

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O senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Foto: Reprodução

Resistências e críticas a Messias

Nos bastidores, alguns ministros do Supremo reclamavam de uma suposta dificuldade de interlocução com o Palácio do Planalto e defendiam a ampliação dos canais de diálogo. As críticas recaíam sobre Messias, visto como discreto e reservado.

Ainda assim, sua atuação firme em defesa do STF após as sanções impostas pelo governo de Donald Trump à Corte promoveu uma reaproximação com os magistrados.

À época, o ministro colocou a AGU à disposição de Alexandre de Moraes para contestar a aplicação da Lei Magnitsky e contratou um escritório nos Estados Unidos para acompanhar o avanço das sanções. O gesto melhorou sua imagem entre os ministros, que hoje reconhecem sua competência — embora mantenham a preferência por Pacheco.

Pacheco se consolida no meio jurídico

Durante sua presidência no Senado, Pacheco tornou-se um dos principais interlocutores do Judiciário, em um período marcado por ataques bolsonaristas à Corte. Alexandre de Moraes costuma dizer a interlocutores que se encontra semanalmente com o senador mineiro em jantares reservados, frequentemente acompanhados por Alcolumbre.

De conversas entre Pacheco, Moraes e Gilmar surgiu a primeira proposta para reduzir as penas de condenados pelos ataques de 8 de janeiro, tentativa de conter a pressão por uma anistia ampla. Em agosto, Gilmar Mendes chegou a declarar publicamente seu apoio ao senador.

“A Corte precisa de pessoas corajosas e preparadas juridicamente, e o senador Pacheco é o nosso candidato. O STF é jogo para adultos”, disse.

Lula mantém Messias como favorito

Mesmo diante da articulação pró-Pacheco, aliados do governo afirmam que Jorge Messias segue como o nome preferido de Lula. O presidente elogia sua lealdade e sua atuação técnica, afirmando que o chefe da AGU “está maduro” para ocupar a cadeira de Barroso.

Nos bastidores, interlocutores do Planalto avaliam que, em caso de veto a Messias, o ministro do TCU, Bruno Dantas, teria mais chances que Pacheco. Apesar disso, magistrados próximos a Lula rechaçam a hipótese de vetos e reforçam que o petista decidirá com base em critérios políticos e jurídicos.

Entre as alternativas consideradas, aliados do governo também mencionam o advogado-geral da Petrobras, Wellington César Lima e Silva. Há, ainda, pressão de setores petistas e do próprio Barroso para que Lula indique uma mulher para a Corte — movimento que poderia alterar o equilíbrio das forças na disputa.