Jorge Pontual é o assessor de comunicação secreto do governo Temer. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 28 de dezembro de 2016 às 19:43
Gênio: Pontual já pôs máscara de cocô para dar uma notícia sobre matérias em beijos
Gênio: Pontual já pôs máscara de cocô para dar notícia sobre bactérias em beijos

 

Finalmente foi descoberta a identidade de quem está por trás da comunicação do governo Temer: o jornalista Jorge Pontual, da GloboNews.

Pontual é o cérebro, o deus ex machina da fenomenal operação de relações públicas de Michel. Faz todo o sentido. Você achou que era incompetência caótica, mas é tudo de caso pensado.

Temer já largou bem. Na primeira entrevista como efetivo, desdenhou das manifestações contra seu governo, reduzindo-as a “40 pessoas que quebram carro”.

Já se referiu a si próprio como “golpista sim, com muito orgulho”. Teve ministros, como Geddel Vieira Lima, que xingaram mães  nas redes sociais, enquanto outros, como Alexandre de Moraes, prometiam novidades na Lava Jato um dia antes de uma operação da PF.

Mentiu sobre jantares em cúpulas internacionais, fugiu de velórios, mandou armar bivaques em aeroportos para receber familiares de vítimas da tragédia da Chapecoense, pediu sorvete Häagen-Dazs superfaturado no avião, recuou depois da repercussão da notícia — um colosso. Vou parar por aqui porque senão ficaremos dois dias listando as ocorrências.

Enfim, o homem é um fenômeno, um Didi Mocó turbinado.

A descoberta de que Pontual é o comandante desse marketing ao contrário surpreendeu muitos analistas, mas a impressão geral é de alívio, de que agora está explicado.

Pontual é o gênio que imitou Chewbacca em seu comentário sobre a morte da atriz Carrie Fischer, a princesa Leia de “Star Wars”.

A piada causou revolta entre os fãs da saga. As pessoas normais simplesmente não riram. A reação de seus colegas de programa foi de constrangimento e uma tentativa de achar graça para não deixar o amigo numa situação tão ruim.

Bastante atuante no Twitter, Pontual começou distribuindo caneladas nos críticos e alegando que era uma homenagem ao humor de Carrie. Bloqueou geral.

Horas depois, provavelmente depois de uma conversa com instâncias superiores, mudou a conversa.

“Peço desculpas a quem se ofendeu por meu comentário de ontem sobre Carrie Fisher. Não foi minha intenção ofender nem desrespeitá-la. Lamento”, escreveu.

O jornalista Maurício Stycer lembrou em sua coluna no Uol de outras sacadas maravilhosas de JP. No Carnaval de 2015, se fantasiou de cocô para dar a notícia de que um beijo pode transmitir milhões de bactérias.

Vestiu-se de lenhador para falar do estilo “lumbersexual”. Colocou óculos escuros e dançou numa matéria sobre Psy, o autor de “Gangnam Style”.

Compensa a vocação para o humorismo com uma certa falta de inteligência. Em abril, escreveu o seguinte: “Impeachment: processo político. Não é necessário preciso provar que um crime foi cometido. Basta que o governante tenha perdido o apoio do Parlamento.”

Alertado de que a Constituição brasileira é presidencialista, saiu num pega pra capar inútil em busca de uma saída do ridículo em que ele mesmo se pôs.

É um mestre. Ele e a gestão Temer foram feitos um para o outro. Teremos um grande 2017 pela frente. Que a Força esteja com você.