Jorginho questiona cota a alunos do Norte e Nordeste em universidade estadual de SC

Atualizado em 4 de outubro de 2025 às 16:10
O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL). Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), publicou um vídeo nas redes sociais criticando a Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) por um edital de pós-graduação que previa reserva de vagas para candidatos das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. O governador afirmou que notificou a instituição e classificou o caso como um “absurdo”. “É só o que falta, dinheiro do catarinense, cota para quem é de fora. Já não basta mandar nosso dinheiro para Brasília e voltar uma migalha. Não vamos aceitar”, disse.

Após a repercussão, a Udesc divulgou uma nota oficial esclarecendo que a previsão de cota regional “não corresponde a uma política institucional” e que a medida não será repetida em futuros processos seletivos. A universidade afirmou ainda que suas políticas de inclusão seguem a legislação vigente e os parâmetros constitucionais de igualdade de oportunidades.

O edital citado por Jorginho Mello foi lançado em fevereiro de 2025, para o curso de pós-graduação em Música do Centro de Artes, Design e Moda (Ceart). Das dez vagas disponíveis, uma era destinada a alunos das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste; quatro à ampla concorrência; três a candidatos pretos e pardos; e duas a indígenas, quilombolas, pessoas trans e pessoas com deficiência. A universidade não informou se as vagas foram preenchidas.

Em defesa da instituição, a Udesc destacou que 67% doa alunos nasceram no estado e o restante reside em Santa Catarina. A universidade também ressaltou que mantém cooperação acadêmica nacional e internacional e que seus programas de pós-graduação são reconhecidos pelo CNPq e pela Capes pela qualidade e relevância científica.

O Ceart, alvo da polêmica, tem 40 anos de história e é um dos centros mais prestigiados da Udesc, com atuação nas áreas de arte, cultura, design e moda. Segundo a instituição, seus cursos são pautados por rigor acadêmico e compromisso social, formando profissionais “com visão crítica e ética”.

A universidade finalizou reafirmando seu compromisso com a educação pública de excelência, o diálogo com a comunidade acadêmica e a transparência na gestão. A repercussão do caso expôs a tensão entre políticas de inclusão regional e o discurso do governo estadual de priorizar o público local no ensino superior mantido pelo estado.