Jornal Nacional se redime da vergonha de ontem. Por Gilberto Maringoni

Atualizado em 19 de outubro de 2018 às 23:26

Correta, honesta e equilibrada. Assim podem ser classificados os quase oito minutos que o Jornal Nacional desta sexta (19) dedicou ao principal tema da agenda política desde ontem, o Zapgate (o nome, genial, foi divulgado por Isabel Lustosa).

Provavelmente não se trata de opção política, mas da rendição a uma evidência jornalistica, que não pode ser ocultada depois que o próprio WhatsApp cancelou dezenas de milhares de contas suspeitas de spam e de fake news. O assunto inundou as redes e deixá-lo de lado implicaria sério risco à credibilidade do programa da Globo.

Não faltaram os tradicionais destaques gráficos à reportagem da Folha de S. Paulo, detalhes dos R$ 12 milhões em caixa 2, discriminação das empresas e empresários suspeitos – incluindo o sinistro Luciano Hang, da Havan – e intervenção do próprio Fernando Haddad.

Matéria de manual de redação, com o “ouvir o outro lado” e tudo. Nessa, um Bolsonaro na defensiva tenta se justificar e atacar, com argumentos pouco sólidos, de que “Haddad é quem dissemina mentiras a meu respeito”. Houve destaque também para as ações na justiça eleitoral, tanto por iniciativa do PT, quanto do PDT (anulação do primeiro turno).

A cobertura do dia-a-dia dos candidatos acabou também se mostrando favorável ao petista, que fez palestra no Clube de Engenharia, no Rio. Haddad surpreendeu ao falar de “entreguismo” e ” desnacionalização”, enquanto o fascista comentava a partir de sua casa.

Jornalismo objetivo e de nível. Juntamente com a estupenda inserção petista no horário político, a noite televisiva infunde ânimo nessa montanha russa emocional que os democratas brasileiros enfrentam em dias para lá de dramáticos.