
Entrei no final da tarde desta terça-feira (26) com um processo na Justiça contra a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). Trata-se de uma ação cível, na qual peço que ela me indenize pelos danos causados pelo ato intempestivo e perigoso que praticou na véspera das eleições de 2022 — danos que ainda carrego. O meu pedido de indenização, 2 milhões de reais, ainda é pouco pelo que ela me causou. No mesmo processo eu também acionei o policial que fazia a segurança dela e que disparou um tiro que até hoje eu não sei para onde foi apontado.
A petição argumenta que a conduta violou princípios fundamentais do Direito, como a dignidade da pessoa humana, a inviolabilidade da vida e a liberdade de expressão, além de possuir um viés racial – ela, ao gravar o vídeo, insinuou que “o PT enviou um negro mais ataca-la”.
Pensei muito antes de tomar essa decisão ao longo desses três anos. Mas, neste momento, duas situações me motivaram. Primeiro, a condenação da própria Zambelli no Supremo Tribunal Federal (STF), pelo porte ilegal de arma e pelo constrangimento que me impôs naquele dia. Depois, o processo que ela mesma moveu contra mim na Justiça paulista, no qual acabei condenado de forma injusta — e do qual só não cumpro a pena graças a um habeas corpus concedido pelo STJ.
Esse processo, em particular, me constrangeu ainda mais, agravou minhas crises de ansiedade (inclusive durante meu depoimento) e me fez duvidar, em certo momento, de que a Justiça pudesse, mais uma vez, proteger o lado privilegiado — no caso, o de Zambelli.
Sei que muitos vão dizer que faço isso em busca de fama ou dinheiro. Entendo esse pensamento, mas quem fala isso não tem ideia do quanto um ato público de constrangimento como aquele pode ferir alguém. E continua ferindo.
Desde então, nunca mais andei na rua sem olhar para os dois lados. Passei a conviver com crises de ansiedade e noites de insônia. Perdi relações, oportunidades e, sobretudo, a tranquilidade. Hoje, dependo de medicação e acompanhamento médico regular.
Por orientação dos meus advogados, vivi tudo isso de forma discreta durante três anos. Mas acredito que chegou a hora de buscar meus direitos. Quero que a Justiça reconheça que, além do impacto imediato, o ato intempestivo da deputada deixou marcas profundas em mim.