Por Moisés Mendes
Ficou complicado para a grande imprensa. Não há como chegar à equidade ou à paridade, tão cara à farsa da imparcialidade das corporações de mídia, para que Lula e Bolsonaro tenham tratamentos semelhantes.
Ao revelar o contrabando das joias, com o envolvimento comprovado de Bolsonaro, o Estadão empurrou Globo e Folha para a mesma pauta.
A competição é feroz, porque os jornalões tentam dar o furo do dia. Mas, ao mesmo tempo, precisam bater em Lula, porque o público médio da grande imprensa é conservador.
Para que Bolsonaro não apanhe todos os dias, sem que Lula também seja atacado, Folha e Estadão estão se puxando na campanha contra a indicação de Cristiano Zanin para o Supremo.
É a notícia da hora. Os dois jornais apostam na intriga de que Lula e o PT estão acossados, para que o advogado que desmascarou a Lava-Jato não seja o indicado.
É tudo combinadinho. Os dois fizeram manchetes muito parecidas contra Zanin no sábado.
Ambos os jornais fingem querer uma mulher ou uma ministra negra na vaga de Ricardo Lewandowski e apontam que a indicação seria antiética, porque Zanin foi advogado de Lula.
É puro despiste, até porque a ministra Cármen Lúcia já disse no Roda Viva que não existe conflito algum. O importante, afirmou ela, é que o indicado tenha notório saber jurídico.
O que os donos e os comandos de redação dos jornais querem é tirar Zanin da disputa, porque o advogado acabou com a Lava-Jato.
Se Lula ceder à pressão, os jornalões terão vencido. Por isso a campanha pode ser um erro estratégico grave, até porque está evidente demais que Folha e Globo investiram na mesma pauta.
Lula não pode ceder aos interesses da grande imprensa. Folha e Estadão dizem quem Lula deve indicar? Não vão.
E o Globo? O Globo ainda deve estar esperando a opinião de Merval Pereira.
Publicado originalmente em Blog do Moisés Mendes