
É estranha, inadequada, fora de hora e também uma ofensa à maioria dos brasileiros a posição de José Dirceu contra a prisão de Bolsonaro.
Ao defender que Bolsonaro deve ficar em prisão domiciliar por ser um homem frágil e instável emocionalmente, Dirceu não só embarca no argumento do fascismo, como contraria o sentimento majoritário de que o país precisa de reparação.
Não se trata de vingança, nem de comparar o caso de Lula, que ficou 580 dias preso, com o de Bolsonaro, para pedir isonomia, mas de entender que o chefe do golpe precisa, sim, ser preso.
Ele e todos os seus cúmplices, para que não fique incompleta a tarefa da Justiça de condenar os golpistas e mandá-los para a cadeia.
Pesquisa do Datafolha de um mês atrás informou que 50% dos brasileiros desejam ver Bolsonaro preso, contra 43% que pensam o contrário. Dirceu está com a minoria.
O desejo de ver Bolsonaro na cadeia não é uma vontade das esquerdas, mas dos democratas. Outras pesquisas reafirmam a mesma posição.

Leiam o que Dirceu disse sobre a possibilidade de prisão de Bolsonaro, em entrevista à BBC Brasil:
“Acho muito improvável que se possa colocar presos vulneráveis no sistema penitenciário, que é controlado pelo crime organizado. As condições são péssimas. E como o estado de saúde dele está se agravando, eu não vejo como ele pode entrar nesse sistema. Me parece que ele é uma pessoa psicossomática, que vai acelerando, muito instável. Não é uma pessoa que tem autocontrole.”
Vamos pedir, então, que pessoas vulneráveis, pelos mais variados motivos, deixem as cadeias brasileiras, principalmente as que estão encarceradas por serem pobres e negras e também sofrem de muitas doenças.
As péssimas condições das cadeias brasileiras, citadas por Dirceu, não serão as mesmas que Bolsonaro enfrentará se for preso. Bolsonaro pegará cadeia especial.
O humanismo de José Dirceu, que já foi presidiário, não pode se sobrepor à sua capacidade de compreender o momento que o país vive, depois de anos de trabalho da polícia, do Ministério Público e do Judiciário para que os líderes do golpe fossem julgados.
José Dirceu não acrescenta contribuição nenhuma aos esforços para a contenção do golpismo ao defender prisão domiciliar para Bolsonaro, que até antes do julgamento vagabundeava de jet ski e liderava motociatas.
Bolsonaro deve ser preso, precisa ser preso, para que o sentimento de frustração não seja mais uma punição à crença do brasileiro de que os golpistas finalmente pegariam cadeia.