José Dirceu rebate Tarcísio e diz que situação de Bolsonaro é “gravíssima”

Atualizado em 23 de novembro de 2024 às 11:15
José Dirceu, ex-ministro dos primeiros governos Lula, em discurso no Senado. Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

 

O ex-ministro José Dirceu (PT) concedeu uma entrevista publicada neste sábado (23) ao jornalista Jamil Chade, do Uol, na qual teceu considerações sobre a Operação Contragolpe e o relatório que indiciou 37 envolvidos na tentativa de derrubada e assassinato do presidente Lula, do vice Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do STF Alexandre de Moraes. Leia trechos:

O que significa, para a história do Brasil, a existência de um processo de indiciamento de tantos militares, inclusive generais?

Isso ocorre pela primeira vez na história do país. Os golpistas de 1937 não foram aos tribunais, nem os golpistas de 1955, nem de 1961 e nem os de 1964, que foram anistiados. Portanto, é a primeira vez que o atentado à Constituição, que no caso é um crime de alta traição para os militares, é alvo de um caso assim. Os militares tem, como mandato, defender a Constituição. Isso, portanto, é um fato inédito.

Ainda mais inédito por conta de estarmos vendo isso ocorrer a partir do Poder Judiciário, junto com a Polícia Federal. E não do Parlamento.

Isso mostra que o Brasil tem instrumentos de auto defesa do estado democrático de direito. (…)

O que impediu que o plano de golpe fosse adiante?

A situação internacional. Não havia respaldo. O próprio Joe Biden e o Departamento de Estado norte-americano deixaram claro que tinham que garantir o Estado de Direito no Brasil.

E, dentro do país, nem a grande mídia, nem o setor empresarial, bancos deram apoio. Apenas alguns setores do agronegócio e dos pequenos e médios empresários, varejo, sinalizaram nesse sentido. Nem os partidos políticos de direita queriam, tirando o caso da participação de uma minoria dentro do PL. Não havia condições internas no país, nem nas Forças Armadas. (…)

Diante de tudo que sabemos, a democracia brasileiras sai arranhada ou fortalecida?

Fortalecida. O devido processo legal, presunção de inocência, o ônus da prova cabe à acusação, como tem ocorrido. Provas materiais foram usadas para condenar as pessoas envolvidas no 8 de Janeiro. As pessoas foram filmadas, e se filmaram. Muitos são réus confessos. Portanto, acredito que as provas são robustas, ao contrário do que se diz.

Além disso, não houve nenhuma normalidade no Brasil na posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como argumentou o governador Tarcísio Freitas. Muito pelo contrário.

Tivemos atos de violência em 12 de dezembro, o negacionismo das urnas de campanha. Bolsonaro não deu posse para Lula. Ele [Bolsonaro] repetiu João Figueiredo, que não deu posse ao presidente José Sarney. (…)

Como o senhor avalia o envolvimento de um ex-presidente entre os indiciados?

Ele era o presidente em exercício naquele momento, conspirando contra o Estado de Direito e a Constituição, e que procurou arrastar as Forças Armadas para esse golpe de estado. É gravíssimo.

Tentar dar golpe de Estado é crime e, no caso de militares, é crime de alta traição.

Um presidente que tenta dar um golpe é um agravante. A situação politica de Bolsonaro é gravíssima.

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