No último domingo (5), durante a realização do primeiro dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o estudante Bruno Guimarães (nome fictício) de Belém, Pará, foi surpreendido após ser expulso do exame depois que seu telefone, que estava guardado e lacrado, tocou na sala de aula.
Bruno explicou que ele desligou seu aparelho antes de iniciar a prova, mas devido a problemas com seu smartphone, o dispositivo ligou sozinho. Às 16h, o alarme que ele costumava usar para estudar aos fins de semana tocou, e, neste momento, ele já havia concluído a redação, que considerou uma das mais fáceis.
“Cheguei a citar a filósofa Djamila Ribeiro e o escritor Adriano Suassuna. Eu fui totalmente [preparado] para o Enem, achei um tema muito fácil”, disse ele, que pretende cursar engenharia civil ou educação física. “Me preparei o ano todo, estou estudando desde o começo. Sou aluno de escola pública, mas faço cursinho por fora, e sei o quanto foi difícil [para os meus pais] me manter lá”.
O incidente deixou Bruno desapontado, e ele ainda considera tentar novamente no próximo ano, embora acredite que nunca mais terá uma preparação tão intensa quanto a deste ano.
“Poucos têm a oportunidade de pagar um cursinho sendo aluno de escola pública. Meus pais estão muito decepcionados, porque foi um ano de estudos jogado fora. E um ano de atraso na vida de um estudante,” declarou ele, que classificou o momento como “o dia mais triste da vida”. “Penso em fazer [ano que vem], mas acredito que perderei o foco”.
Outros casos
Em Ariquemes, Rondônia, o estudante Gabriel Felipe Morais, de 18 anos, também foi expulso neste domingo. O jovem, que se formou no ensino médio no último ano e busca cursar medicina, disse que pagou um curso particular “bem caro” durante todo o ano. Canhoto, ele sentou em uma mesa para destros antes da fiscal oferecer uma carteira apropriada.
“Eu aceitei, e só depois vi que tinha um papel debaixo da mesa. Fiquei com medo dela achar que era meu e que eu estava colando, então decidi esconder. Quando estava terminando a prova, as fiscais viram que o papel estava em cima da mesa. Eu expliquei o que houve, e elas chegaram a ver que não era meu. Levaram para a coordenadora, mas não teve jeito”, disse.
Ainda assim, ele afirmou que pretende ir no próximo fim de semana “só para falar que fez a prova”, e vai esperar mais um ano para tentar de novo. No entanto, diferentemente desta vez, ele acredita que precisará conciliar os estudos com um trabalho.
O que pode causar as expulsões:
Em relação às expulsões no Enem 2023, um total de 4.293 candidatos foram eliminados no primeiro dia de provas, de acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Outros 905 participantes foram afetados por problemas logísticos, como emergências médicas ou falta de energia, e têm a opção de solicitar a reaplicação do exame na Página do Participante.
O edital do Enem 2023, publicado em maio deste ano, estabelece diversas regras e critérios de eliminação, incluindo prestar declarações falsas, perturbar a ordem, tentar se comunicar com pessoas não autorizadas durante o exame, usar meios fraudulentos ou materiais não permitidos, entre outros.
Para mais detalhes, confira a lista completa das regras e critérios de eliminação aqui.
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