O deputado federal Eduardo Bolsonaro foi ontem às redes sociais para manifestar condolências pela morte de um aliado, o pastor Thiago Andrade de Souza, do Movimento São Paulo Conservador.
“Nossa solideriedade aos familiares do ativista Thiago Souza de Andrade do Movimento São Paulo Conservador, falecido nesta madrugada. Agradecemos seus esforços na construção de um Brasil melhor. Que Deus conforte a família”, escreveu no Facebook.
O que Eduardo Bolsonaro não informou é que Thiago Souza de Andrade morreu de covid-19, depois de fazer campanha pelo uso da cloroquina e ivermectina.
Thiago participava de uma campanha na rede pelo uso preventivo do vermífugo e do remédio para malária — que os cientistas dizem não ter eficácia contra a doença.
“Se você tomou ivermectina, azitromicina ou hidroxicloroquina, poste no Facebook e, se não precisou tomar e é a favor, poste que é a favor. Vamos forçar as prefeituras a começarem a prevenção urgente. E fazer a distribuição gratuita”, publicou em seu facebook no dia 25 de novembro.
Ontem de madrugada, sua esposa veio a público para comunicar o ocorrido, com o texto sincero e amoroso:
“Te amo meu amor, o que me conforta é que você foi o homem mais feliz ao meu lado, foi realizado….descanse em paz! Está na glória de Deus.., Que Deus nos conforte nossos corações!Ele contraiu o vírus da covid… ficou internado 30 dias… Deu duas paradas respiratórias, não resistiu e veio a óbito. Que Deus nos console…muita dor.”
Seus colegas de militância conservadora não perderam a oportunidade para fazer política ao comunicar a morte do jovem pastor, que tinha 36 anos de idade.
“O MOVIMENTO SAO PAULO CONSERVADOR faz esse agradecimento a nosso mui digno combatente que lamentavelmente por complicações decorrentes ao vírus chinês nos deixou nesse dia THIAGO SOUZA DE ANDRADE, descanso nos braços do ETERNO O CRIADOR”, escreveu a regional de Campinas do movimento de extrema direita.
Thiago é um dos quase 200 mil brasileiros que já morreram com covid-19, segundo estatísticas oficiais.
Pesquisadores do mundo inteiro descartaram a eficácia da cloroquina e ivermectina no tratamento da covid-19.
O governo federal, entanto, com a cumplicidade do Ministério da Saúde e do Exército, fabricou um estoque gigantesco de cloroquina para tratar a doença.
Thiago, talvez sem esse conhecimento e participante de um movimento sem base científica, fez propaganda do medicamento e também do vermífugo, usado para combater piolho e também para enfrentar doenças de rebanho bovino (sem trocadilho ou duplo sentido, que não cabem aqui).
Se tomou preventivamente, como recomendou na rede social, aí está mais uma evidência de que não ivermectina e cloroquina funcionam contra o coronavírus.
Se não usou, ele estava propagando algo em que, pessoalmente, não acreditava — não parece ser o caso.
Covid-19 mata e, até ser imunizada com a vacina, toda pessoa tem um único caminho de prevenção.
Como já disse a microbiologista Natália Pasternak, é preciso manter o distanciamento social, usar máscara e cuidar da higiene pessoal, lavando as mãos com água e sabão ou álcool a 70%.
Fora disso, é o negacionismo incentivado por Jair Bolsonaro.