
Detidos enquanto planejavam um massacre em uma escola pública no Distrito Federal, os dois adolescentes de 17 anos deixaram evidente o ódio que nutriam contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em mais de uma ocasião, eles ofenderam o chefe do Executivo, exaltaram o nazismo e propagaram discursos de intolerância contra minorias.
Em áudios obtidos pelo Metrópoles, um dos jovens enalteceu Adolf Hitler e atacou Lula de forma pejorativa, chamando-o de “filho da puta”.
O outro disse em conversa por WhatsApp que via no regime nazista uma solução para o Brasil, ao mesmo tempo em que criticava a política e a cultura do país. Em outra gravação, os dois festejaram ao queimar uma bolsa com as cores LGBT, rindo e associando o movimento ao PT e ao presidente da República.
Dois adolescentes foram detidos antes de realizar massacre em Brasília.
Eles odeiam Lula e queriam ser “líderes nazistas” pic.twitter.com/fpBqxg1njX
— Abel Ferreira Comunista! (@AugustodeS62143) August 27, 2025
Os planos, que incluíam explosivos artesanais, foram detalhados em um site criado por eles. Em um dos textos, descrevem a intenção de montar uma “bomba anarquista com vodka” para ser detonada no centro de Brasília. Também relataram ataques contra um homem que teria tentado denunciá-los, a quem chamaram de “viado narigudo imaturo” e “bicha histérica”. Um deles prometeu vingança: “Rato sem pele, maldito, quando eu te pegar, você tá fodido”, disse.
Os jovens demonstraram irritação com banimentos sofridos no Instagram. Em um dos posts, desafiaram as redes sociais. “Vai se foder, porra de diretrizes de comunidade! Eu quero ver vocês banirem o que nós vamos publicar aqui no nosso site”, escreveram.
Entre o fim de 2024 e junho de 2025, chegaram a gravar cerca de 10 fitas, em que narravam os preparativos para o massacre que chamavam de “dia zero”, marcado para 20 de setembro, data do aniversário de 18 anos de um deles. “Que tal fazermos no seu aniversário? O seu presente vai ser atirar em preto e matar gente”, disse um dos adolescentes.

Nos vídeos analisados pela polícia, a dupla aparece fabricando armas e explosivos artesanais. Em uma das falas, um deles disse que queria adquirir armamento pesado: “A gente quer comprar armas no mercado negro, mas não sabemos ainda como entrar nesse meio”.
Em outra sequência, reafirmaram a intenção de matar. “Só preciso de armamento porque aí eu só vou matar ‘de boa’. Quem invade escola de faca, é imbecil”, afirmaram. O material acessado pela reportagem mostra ainda registros homofóbicos, racistas e misóginos.
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) iniciou o monitoramento após ser alertada pela Secretaria de Educação. Um dos adolescentes já estava em tratamento psiquiátrico, e a mãe do outro teria descoberto parte das ações e repreendido o filho. Policiais da Divisão de Prevenção e Combate ao Extremismo Violento (DPCEV) cumpriram mandados de busca e apreensão, recolheram cadernos com desenhos de armas, uma bandana de caveira e celulares usados na comunicação.