Judicialização: oposição recorre ao STF uma vez a cada dois dias contra atos do governo

Atualizado em 19 de junho de 2023 às 8:07
O prédio do Supremo Tribunal Federal. (Foto: Reprodução)

Deputados, senadores e partidos, nos últimos cinco meses, têm preferido recorrer diretamente ao Supremo Tribunal Federal (STF). As informações foram divulgadas após levantamento realizado pelo Globo.

De acordo com o estudo, foram 69 ações apresentadas desde o inicio do ano. No mesmo período de 2019, após o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tomar posse, 53 ações desse tipo tinham sido levadas à Corte, enquanto em 2015, no início do segundo mandato de Dilma Rousseff, havia 59.

A análise levou em conta seis classes processuais utilizadas frequentemente por legendas e parlamentares, como Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADI), Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) e mandados de segurança (MS).

A motivação para que os parlamentares e as siglas recorram diretamente ao Supremo varia. Inclui tentativas de evitar derrotas no Congresso, contestar medidas do governo e até mesmo investigar adversários.

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Foto: Marcelo Camargo

Nesse aspecto, a análise revelou ainda que o partido Novo, que faz oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi um dos que mais utilizou essa estratégia. A legenda apresentou nove ações, onde a maioria tinha o governo federal como alvo: a sigla pediu a investigação de dois ministros (Flávio Dino, da Justiça, e Gonçalves Dias, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional) e contestou medidas, como o decreto que alterou o marco do saneamento e a medida provisória que criou um imposto de exportação do petróleo bruto.

Entre os parlamentares, a maioria das ações está relacionada a pedidos de abertura de investigação sobre colegas de Congresso, ministros ou até contra Lula. Boa parte das ações também tem como motivação os atos terroristas ocorridos em Brasília no dia 8 de janeiro, o que ajuda a explicar a alta neste ano.

A prática de pedir a abertura de investigações diretamente ao STF encontra, contudo, resistências no Ministério Público Federal. No mês passado, em resposta a uma notícia-crime apresentada pelo deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) contra o ministro Juscelino Filho (Comunicações), a vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araujo, afirmou que esse tipo de procedimento deveria ser enviado diretamente ao Ministério Público.

Participe de nosso grupo no WhatsApp, clicando neste link
Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link