
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) costuma cobrar não apenas fatos históricos, mas também acontecimentos recentes que marcaram a política nacional e internacional. Por isso, cresce a dúvida: o julgamento de Jair Bolsonaro (PL) e os atos golpistas de 8 de janeiro podem aparecer na prova?
O ex-presidente e outros sete réus respondem no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. As sessões começaram na última terça-feira (2) e seguem em datas alternadas até 12 de setembro.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusa o grupo de crimes como organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e deterioração de patrimônio tombado. Caso seja condenado, Bolsonaro pode enfrentar pena superior a 40 anos.
Para Raphael Fernando Amaral, professor de História do Curso Anglo, a chance de o julgamento em si aparecer no exame é baixa. “É muito improvável que o julgamento em si seja cobrado”, afirma ao G1.
Segundo ele, como a prova é elaborada com antecedência, a tendência é que o Enem traga questões de maior amplitude, mas que podem dialogar com os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

Já Ana Paula Aguiar, autora de História, Filosofia e Sociologia do Sistema de Ensino pH, avalia que o Enem não costuma tratar ditaduras apenas como fatos isolados, mas como parte de uma reflexão sobre Estado e sociedade.
“Os atos antidemocráticos de 8 de janeiro reacenderam o debate sobre a democracia no Brasil e podem influenciar a prova, trazendo questões sobre golpes e ditaduras, sempre em perspectiva histórica”, explica. “Não se trata de cobrar o acontecimento imediato, mas de usar sua relevância como ponto de partida para discutir a importância das instituições democráticas.”
Quando será a prova?
O Enem 2025 está marcado para os dias 9 e 16 de novembro em todo o país, com exceção dos municípios de Belém, Ananindeua e Marituba, no Pará, onde será aplicado em 30 de novembro e 7 de dezembro.