Julgamento do golpe: STF avança contra núcleos das fake news e dos kid pretos

Atualizado em 15 de setembro de 2025 às 7:52
O ministro do STF, Alexandre de Moraes. Foto: Divulgação

Após a condenação de Jair Bolsonaro e sete aliados pela tentativa de golpe de Estado, o Supremo Tribunal Federal (STF) se prepara para novas etapas judiciais que prometem manter a Corte no centro das atenções. Nos próximos meses, devem ser analisados outros núcleos da trama golpista, além da possibilidade de prisão em regime fechado do ex-presidente. Com informações do Globo.

Apesar do calendário intenso, a expectativa é que a partir de 2026 o tribunal reduza os atritos políticos. A posse de Edson Fachin como presidente do STF, marcada para o dia 29, é vista como um passo importante para essa transição.

Enquanto isso, casos de grande repercussão ainda seguem em andamento. O núcleo da desinformação, conhecido como grupo 4, está em fase final, com pedidos de condenação já apresentados pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

Outros dois grupos, os “kids pretos” e o chamado “operacional”, que envolve nomes como Filipe Martins e Silvinei Vasques, também avançaram para a fase de alegações finais. A Primeira Turma, presidida por Cristiano Zanin e relatada por Alexandre de Moraes, deve conduzir os julgamentos.

A chegada de Fachin ao comando do STF é apontada por colegas como uma oportunidade de adotar uma postura mais discreta e institucional, em contraste com a exposição intensa dos últimos anos.

O ministro já adiantou que pretende retomar discussões sobre um código de conduta para magistrados e reduzir a interferência do Supremo em embates políticos diretos. Especialistas acreditam que esse estilo pode aproximar a Corte do modelo da ex-ministra Rosa Weber, marcada pela discrição e firmeza.

A ex-ministra do STF, Rosa Weber. Foto: Divulgação

Apesar da busca por estabilidade, analistas destacam que episódios turbulentos ainda estão no horizonte. O deputado Eduardo Bolsonaro foi indiciado pela Polícia Federal por coação de autoridades, e pode virar réu junto com o pai em breve.

A iminente transferência de Bolsonaro para o regime fechado também é vista como fator de tensão, com potencial de inflamar setores bolsonaristas. Além disso, discussões sobre emendas parlamentares e tentativas de anistia a envolvidos no golpe seguem gerando atritos com o Congresso.

Ex-integrantes do STF avaliam que a Corte tem demonstrado resiliência em momentos críticos. Para Celso de Mello, o tribunal mostra “dignidade institucional” ao manter firmeza diante das pressões. Já Ayres Britto, que presidiu o STF no julgamento do Mensalão, destacou que ataques fazem parte do processo e não devem alterar a missão da Corte.

A atuação de Luiz Fux na Primeira Turma é outro ponto que desperta atenção. O ministro se distanciou dos colegas ao votar pela absolvição de Bolsonaro, isolando-se em um placar de 4 a 1. A expectativa é que ele assuma cada vez mais o papel de revisor crítico nos próximos julgamentos, posição que pode fortalecer a defesa do ex-presidente em recursos futuros.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.