
Julia Kwapis, 14 anos, foi uma das seis vítimas do tornado que devastou Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná. A jovem voltava para casa quando foi surpreendida pelo temporal que arrasou praticamente toda a cidade. Filha de Roberto e Mari Kwapis, ela era descrita pela família como uma menina alegre, querida e muito ligada aos pais. Horas antes da tragédia, conversava com o pai sobre a festa que fariam depois de sua crisma marcada para a manhã seguinte.
Segundo a família, Julia estava na casa de uma amiga quando o vento avançou de forma repentina. Ela foi arrastada pela força do tornado e encontrada ferida em estado gravíssimo na cidade vizinha de Laranjeiras do Sul, a 15 quilômetros dali. Os pais passaram toda a madrugada sem notícias até receberem a informação de que ela havia sido socorrida, mas não resistiu aos ferimentos.
A mãe, Mari Kwapis, contou que a filha chegou ao hospital em “grau quatro de sobrevivência”, muito machucada. A família se preparava para um fim de semana especial, com a cerimônia religiosa e a comemoração em casa. A última mensagem enviada por Julia ao pai perguntava sobre os preparativos da festa, lembrança que Roberto guarda como o último contato com a filha.
Rio Bonito do Iguaçu, onde Julia vivia desde pequena, foi 90% destruído pelo tornado. O município de 14 mil habitantes teve bairros inteiros arrasados e centenas de desabrigados. Outras quatro pessoas morreram na cidade e uma vítima foi registrada em Guarapuava. O governo estadual decretou calamidade pública, e equipes de resgate ainda contabilizam os danos.
A tragédia também afetou a rotina escolar. As duas escolas estaduais da cidade, Ludovica Safraider e Ireno Alves, sofreram danos significativos e passam por vistoria. O Enem foi suspenso no município, e o Inep garantiu reaplicação da prova para os estudantes atingidos. Na região central, imagens aéreas mostram ruas cobertas de entulho e estruturas destruídas.
A história de Julia ganhou destaque pela sequência de coincidências dolorosas: uma adolescente que sonhava com sua crisma, que planejava um churrasco com a família e que perdeu a vida em um dos fenômenos climáticos mais severos já registrados na cidade. Para os moradores, o nome de Julia agora se soma ao luto coletivo de uma comunidade que tenta se reconstruir.