Jurista Afrânio Silva Jardim, um dos primeiros a desmascarar Moro, é internado com covid-19

Atualizado em 28 de abril de 2021 às 19:11
Afrânio Silva Jardim (Foto: Reprodução/Facebook)

O jurista Afranio Silva Jardim, um dos maiores processualistas do país, citado em mais de cem acórdãos no Supremo Tribunal Federal, está internado no hospital com covid-19.

Um amigo da família informou que ele está intubado.

Afranio foi um dos primeiros dos grandes nomes do Direito a se insurgir contra os desmandos do então juiz Sergio Moro e a Lava Jato.

Quando Moro e Dallagnol eram herois nacionais e unanimidades, homens como ele emprestaram seu prestígio e sua coragem cívica para desmascará-los.

Fez isso em dezenas de artigos, depoimentos etc.

No início da operação, era apoiador da Lava Jato. Relatou que chegou a trocar mensagens com Moro, abordando questões processuais.

“Porém, quando percebi que a questão era política, mandei um e-mail falando da minha decepção. Ele perguntou por quê. Expliquei. Ele disse que lamentava e, assim, rompemos”, contou em entrevista.

Em maio de 2017, postou um texto que teve intensa repercussão, motivado pela atuação de Moro no depoimento de Lula em Curitiba.

Pediu no Facebook que um artigo do ex-magistrado, publicado em livro que o homenageava, fosse retirado.

“A minha indignação é tanta, que, apesar de professor e ex-membro do Ministério Público experiente, quase não consegui dormir esta noite e, por isso, estou aqui novamente fazendo este aditamento. Sinto necessidade de ‘gritar’, sinto necessidade de ‘desabafar’”, escreveu no Facebook.

“Posso estar errado, mas o ex-presidente Lula não está tendo o direito a um processo penal justo. Ele não merecia isso. Fico imaginando o ‘massacre’ a que seria submetida a sua falecida esposa D. Marisa Letícia, pessoa humilde e inexperiente…”, prosseguiu.

“Confesso que continuo amargurado e termino dizendo que, se o ex-presidente Lula restou humilhado, de certa forma, também restou humilhado o povo brasileiro, que nele deposita tantas esperanças. Termino também dizendo que restou ‘esfarrapado’ o nosso sistema processual penal acusatório, que venho procurando defender nestes trinta e sete anos de magistério. O juiz Sérgio Moro me deixou triste e decepcionado com tudo isso.”