
O governo federal anunciou nesta sexta (10) um novo modelo de crédito imobiliário que amplia o limite dos imóveis financiados e redefine o uso dos recursos da poupança. O objetivo é facilitar o acesso da classe média à casa própria e fortalecer o setor da construção civil.
Com a mudança, o valor máximo de imóveis financiáveis subiu de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões, com juros limitados a 12% ao ano e até 80% do valor do imóvel financiado. O novo modelo altera as regras do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), que até agora destinava 65% dos recursos da poupança ao crédito habitacional.
A partir de 2027, o direcionamento obrigatório será substituído por um sistema mais flexível, em que o total de depósitos na poupança servirá como referência para o volume de crédito que os bancos devem aplicar no setor imobiliário. O Banco Central reduzirá gradualmente o percentual de compulsório, parcela retida das instituições, de 20% para 15%.
O governo aposta que essa reformulação aumentará em R$ 52,4 bilhões o volume disponível para financiamentos, sendo R$ 36,9 bilhões de forma imediata. Segundo técnicos da Fazenda, a medida busca reverter a tendência de queda dos recursos da poupança, que tem registrado saques superiores aos depósitos há cinco anos consecutivos, com saldo negativo de R$ 78,5 bilhões apenas em 2025.

O plano também amplia o alcance social do crédito, incluindo famílias com renda entre R$ 12 mil e R$ 20 mil, um público que estava fora das faixas do Minha Casa, Minha Vida. Essa faixa intermediária poderá financiar imóveis de até R$ 2,25 milhões dentro das regras do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), que oferece juros mais baixos e condições mais acessíveis.
Segundo o Banco Central, a participação da poupança no financiamento imobiliário caiu de 70% para 32% em cinco anos, com maior dependência de instrumentos financeiros como LCIs e CRIs. A nova estrutura pretende recuperar o papel da poupança como fonte principal de crédito, ao mesmo tempo em que cria incentivos para que os bancos ampliem a oferta de financiamento.
Autoridades econômicas consideram o modelo um passo importante para dar estabilidade ao setor e impulsionar o crédito de longo prazo. Representantes da Fazenda afirmam que a medida “viabiliza mais crédito imobiliário, mais construção, mais emprego e menos déficit habitacional”. O Banco Central destacou que a nova política contribui para reduzir custos e controlar a inflação, ampliando o crédito sem pressionar a taxa básica de juros.
A transição será gradual e deve ser concluída até janeiro de 2027. Durante esse período, o sistema atual de direcionamento de 65% dos recursos captados na poupança continuará em vigor, enquanto os bancos testam as novas regras e ajustes operacionais. O governo estima que o modelo consolidado criará um ciclo de crédito mais estável, ampliando o acesso da classe média à moradia e fortalecendo o mercado imobiliário nacional.