
O ex-prefeito de Itajobi, no interior de São Paulo, Lairto Luiz Piovesana Filho, foi condenado pela Justiça por improbidade administrativa após permitir que sua esposa, Cristiane Angelita Goberski Piovesana, assumisse funções de gestão no município. O caso ocorreu em 2017 e teve a sentença confirmada no dia 27 de agosto, quase oito anos depois da denúncia apresentada pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP).
Segundo a investigação, Cristiane começou como Coordenadora do Fundo Municipal de Solidariedade, mas mesmo após ser exonerada, continuou atuando na administração. Ela passou a ocupar espaço dentro do Paço Municipal, realizava reuniões com vereadores, dava ordens a funcionários e até decidia sobre pautas como o reajuste da taxa de água. Além disso, utilizava a garagem da prefeitura destinada ao marido.
O MPSP apurou ainda que Cristiane chegou a viajar a São Paulo acompanhada do deputado estadual Itamar Borges (MDB) para solicitar ao governo estadual recursos para o município. A primeira-dama pediu a liberação de R$ 300 mil para recapeamento de ruas e também recursos para aquisição de duas ambulâncias. Enquanto isso, Lairto passava grande parte do tempo viajando e chegou a ficar 40 dias ausente da prefeitura para cuidar de negócios em Marapoama e Curitiba.

Testemunhas relataram que a situação causava constrangimento em Itajobi. O vice-prefeito afirmou ao MP que evitava comparecer à prefeitura por se sentir excluído da administração. Uma servidora contou que “acabaram colocando duas mesas no Gabinete, de modo que ela [Cristiane] passou a dividir a sala com ele [Lairto]”. Para viabilizar a atuação da esposa, o ex-prefeito teria confeccionado um carimbo com a própria assinatura.
O casal sempre negou as acusações, alegando que os relatos partiram de “funcionárias descontentes com as nomeações” e que não havia provas concretas de irregularidades. Eles chegaram a pedir a extinção do processo, mas a solicitação foi rejeitada pela Justiça.
Com a decisão da comarca de Itajobi, Lairto foi condenado a devolver os valores recebidos no período em que esteve à frente da prefeitura, além da suspensão de seus direitos políticos por oito anos. Cristiane também foi condenada e terá de pagar multa de R$ 10 mil. Ambos estão proibidos de contratar com o poder público por cinco anos, além de arcarem com as custas processuais.