Justiça dos EUA proíbe Trump de demitir diretora do Fed

Atualizado em 10 de setembro de 2025 às 9:31
Lisa Cook, integrante do Conselho de Governadores do Sistema de Reserva Federal dos Estados Unidos – Foto: Reprodução

Um juiz federal dos EUA suspendeu temporariamente a decisão do presidente Donald Trump de demitir Lisa Cook do cargo de diretora do Federal Reserve (Fed). A medida representa um revés inicial para a Casa Branca em uma disputa judicial sem precedentes, que pode redefinir os limites da independência do banco central americano.

A juíza Jia Cobb, em Washington, determinou a liminar na terça-feira (9), ressaltando que o mérito do caso ainda será analisado. O governo acusa Cook de fraude hipotecária anterior à sua nomeação, alegação que a economista nega. Trump havia anunciado a intenção de afastá-la no fim de agosto, mas o Fed manteve a diretora no cargo, abrindo caminho para a disputa na Justiça.

O processo pode chegar à Suprema Corte e terá impacto direto na autonomia do Federal Reserve em definir sua política de juros. A independência da instituição é considerada essencial para o controle da inflação e para preservar a credibilidade da autoridade monetária.

Donald Trump, presidente dos EUA – Foto: Reprodução

O episódio ocorre em meio às pressões de Trump por cortes mais agressivos nas taxas de juros e às críticas ao presidente do Fed, Jerome Powell. A expectativa é que a instituição anuncie uma redução de juros na reunião marcada para 16 e 17 de setembro.

Segundo Trump e William Pulte, diretor da Autoridade Federal de Habitação e Finanças, Cook teria fornecido informações incorretas em pedidos de hipoteca sobre três imóveis, o que lhe garantiria benefícios fiscais e juros menores. O Departamento de Justiça já abriu uma investigação criminal sobre as alegações.

Lisa Cook, primeira mulher negra a ocupar uma cadeira no Conselho de Governadores do Fed, reafirma que “nunca cometeu fraude hipotecária” e argumenta que as acusações não justificariam sua remoção, pois ocorreram antes de sua confirmação pelo Senado em 2022.

A lei do Fed prevê que governadores só podem ser afastados “por justa causa”, mas o termo nunca foi testado judicialmente. O governo sustenta que cabe ao presidente decidir quando essa justa causa existe, enquanto opositores defendem que a decisão deve passar por revisão judicial.