Como um motorista de ônibus inconsequente destruiu uma vida e arrasou uma família

Atualizado em 19 de novembro de 2014 às 15:51
Fabricio com os pais
Fabrício com os pais

Fabrício Rocha da Silva, vendedor, 35 anos, foi atropelado e morto na madrugada do dia 23 de março, em Belford Roxo (RJ), por um ônibus da empresa Caravele. O ônibus o atingiu de frente e passou por cima de seu corpo, causando afundamento de crânio e coração, pulmões e baço foram dilacerados. O motorista não parou para prestar socorro. Fabrício estava na calçada, aguardando o momento de atravessar a rua para pegar um táxi e voltar para casa.

Fabrício estava com seu irmão, Luciano, e voltava de um chá de bebê, por volta das 3h da manhã. O ônibus que o atingiu era justamente a linha que Fabrício e Luciano aguardavam para voltar para casa, o Belford Roxo-Central.

A tragédia que aconteceu com Fabrício mostrou diferentes faces da covardia que o ser humano é capaz de fazer. Além do motorista de ônibus que o atropelou, passou por cima do seu corpo e não prestou socorro, um taxista passou pelo local e furtou a carteira com documentos e o celular de Fabrício.
A falta dos documentos, furtados, atrasou o registro e liberação do corpo de Fabrício, causando ainda mais dor à família. Os documentos foram procurados na delegacia e Correios, no caso de alguém ter achado e devolvido, mas não houve sucesso na busca. No momento em que os pertences de Fabrício foram furtados, o irmão Luciano estava desmaiado. Em estado de choque, ele desmaiou duas vezes enquanto aguardava o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar.

A liberação do corpo do Instituto Médico Legal (IML) só aconteceu na segunda-feira, 24/03, mais de 24 horas depois do atropelamento. Fabrício foi enterrado em Além Paraíba (MG), sua terra natal, no jazigo da família Rocha, no cemitério municipal. O corpo só chegou após as 14h na capela próxima ao cemitério. A mãe de Fabrício, Regina, pediu para que a tampa do caixão fosse aberta, pois não deixaria “que meu filho seja enterrado sem eu ao menos dar um abraço nele”.

O pai, Geraldino, e mãe de Fabrício passaram a uma hora e meia do velório abraçados ao filho. O estado de seu rosto chocou todos os cerca de 100 presentes. Um homem bonito, alegre, falante a boa gente estava deitado dentro de um caixão, com o rosto desfigurado, roxo e remendado.

Fabrício era meu primo. Dividimos apartamento no Rio de Janeiro durante dois anos, período em que costumávamos assistir aos jogos de futebol nos domingos. Ele era apaixonado pelo Flamengo e falávamos muito sobre futebol. Quando chegava em casa `a noite, costumávamos sentar na mesa da cozinha e cada qual contava suas desventuras amorosas. Era bom. Saudades dessas conversas. A vida acabou nos separando, mas nunca deixei de sentir um carinho imenso por ele. Jamais imaginei que algo assim pudesse acontecer. Tampouco sonhei que diria `a minha tia Regina que “estava na hora de enterrar o Fabrício e que ela precisava se despedir dele”. Certamente a frase mais difícil que já pronunciei.

O registro de ocorrência foi feito na 54 DP de Belford Roxo. Passadas mais de duas semanas do acontecido, os investigadores ainda não conseguiram identificar o motorista que matou Fabrício. Criamos a página Justiça para Fabrício no Facebook, a fim de que todos conheçam a história de Fabrício e para que este crime não fique impune. Queremos que este motorista seja identificado e preso, conforme prevê a lei brasileira. Curta e compartilhe a página, ajude a nossa família a não deixar esse assassino `a solta, para que ele nunca mais possa tirar a vida de ninguém nem destruir outra família.

Este texto é de autoria de Amélia Sabino. (Formada em Comunicação Social-Jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF). De 2008 a janeiro de 2014 foi repórter esportiva no Diário Lance!. Atualmente trabalha na CDN Comunicação Corporativa e atende a conta do Maracanã)