
O Congresso Nacional da Juventude do PT aprovou, na última sexta-feira (19), uma moção que solicita a abertura de procedimentos no comitê de ética do partido contra o prefeito de Maricá, Washington Quaquá. A deliberação ocorreu durante o encontro nacional do segmento e foi registrada em documento oficial encaminhado à direção partidária.
Quaquá já responde a três pedidos apresentados ao comitê de ética da legenda. As representações têm como base elogios feitos pelo prefeito a uma ação policial realizada no estado do Rio de Janeiro, em outubro, que resultou em mais de 120 mortes, segundo dados divulgados à época. As declarações motivaram reações internas e passaram a integrar os questionamentos formais contra o dirigente.
As falas do prefeito ocorreram durante um seminário promovido pelo PT sobre segurança pública no Rio de Janeiro, realizado nos dias 1º e 2 de dezembro. O evento reuniu dirigentes, parlamentares e militantes para discutir políticas de enfrentamento à violência no estado. Trechos das declarações de Quaquá, que é um dos vice-presidentes da sigla, circularam posteriormente em redes sociais e em grupos internos do partido.
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— acervo política (@politicacervo) December 5, 2025
No texto da moção aprovada, a juventude do PT afirma que o prefeito tem adotado um discurso que, segundo o documento, contraria os preceitos partidários. A moção sustenta que não houve, até o momento, providências internas proporcionais às declarações atribuídas a Quaquá, o que motivou o pedido formal de apuração pelos órgãos partidários competentes.
Procurado por meio de sua assessoria, o prefeito reagiu às críticas e questionou a iniciativa do segmento jovem do partido. Em nota, afirmou que o PT não pode ser polarizado por uma “juventude de classe média alta, universitária, que não vive a realidade do povo e idealiza a bandidagem”, posicionando-se contra o teor da moção aprovada.
Na mesma manifestação, Quaquá declarou que jovens negros e moradores de favelas estão entre as principais vítimas da violência no Brasil. Segundo ele, causa “espanto e surpresa” o fato de representantes da juventude do partido defenderem punição interna em razão de seu posicionamento sobre segurança pública e criminalidade.
O pedido de abertura de procedimento será analisado pelas instâncias internas do PT responsáveis pela condução de processos disciplinares. Até o momento, o partido não divulgou prazo para a avaliação da nova moção nem informou se os pedidos serão unificados ou analisados separadamente pelo comitê de ética.