Kakay: “O momento é de aproveitar a fraqueza de Bolsonaro e afastá-lo. É a hora do impeachment”

Atualizado em 23 de março de 2020 às 14:17
Jair Bolsonaro. Foto: Isac Nóbrega/PR

Por Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay

Uma coisa impressiona neste momento: Jair Bolsonaro perdeu o apoio de pessoas de classe média e média alta que, hoje, pelo menos nos meus círculos de convivência por WhatsApp (que é o que nos resta) e de observação, criticam ele e, abertamente, até se dizem arrependidas de terem votado nele.

Menos quando fazem a comparação com o PT. Se Lula , especialmente, ou Dilma aparecerem na conversa, imediatamente volta o discurso rancoroso. Fora, claro, nos grupos dos simpatizantes.

Eu digo fora do círculo de giz: não adianta Lula fazer um grande discurso, como fez ao falar do vírus, posar de estadista e ser coerente com a opinião pública dos grandes líderes mundiais.

O PT está consolidado como a imagem do mal, dos ladrões que saquearam o Brasil. Um maniqueísmo que criou raízes. Por isso, perdemos, simbolicamente, para a direita radical, as cores nacionais, o verde e o amarelo.

Mesmo o discurso mais coerente não consegue furar a bolha do anti-Lula e , como Lula simboliza o PT, o antipetismo é ele.

Nas eleições passadas, ocorreu algo contraditório, Lula levou Haddad para o segundo turno. E aquela “coronelada” dele, de mandar sozinho no partido, derrotou Haddad no segundo turno.

No filme ” Democracia em vertigem”, Dilma fala que só soube que seria candidata quando , já na hora da necessidade de definir, Lula a comunicou.

Este inimputável do Bolsonaro pode ter isto como um norte, apostar que mesmo a catástrofe humanitária e econômica não vai tirar dele a condição de ter sido quem derrotou o PT. E ele aposta no caos.

É claro que a imagem dos caminhões em fila com dezenas de caixões, a imagem dos estádios improvisados como hospitais, a imagem das gôndolas vazias nos supermercados e , principalmente, o desastre econômico , com desemprego e recessão, poderão liquidar este inimputável.

Mas tenho preocupação desta obsessão dele com o erro, com manter esta postura completamente sem nenhuma lógica racional. Ele continua enfrentando a razão, jogando a culpa na imprensa, nos governadores, na esquerda.

Defendo, há tempos, que temos que encontrar uma maneira diferente de derrotá-lo, isolá-lo.

Quando o tratamos com as deferências que se faz a qualquer ser humano, começamos a perder a disputa. Obviamente ele não é humano. Não pode ser humano quem apoia e incentiva a tortura, quem é insensível com a miséria – e a usa e a manipula -, quem despreza o negro, a mulher, fazendo apologia do estupro.

Ele tem uma estratégia neste enfrentamento desta pandemia. E nós tendemos a desprezá-lo, a considerá-lo só um idiota (o que ele, efetivamente, é).

Saber enfrentar esta estratégia virou uma necessidade vital, ou este inimputável, no final, quando o caos estiver consolidado, ainda sairá como aquele que avisou: “não falei que a estratégia dos governadores , da imprensa, etc, etc não daria certo?”.

O momento é de aproveitar a fraqueza dele e afastá-lo. É a hora do impeachment. De tirá-lo do jogo. De não dar margem para ele voltar com o populismo barato que o elegeu. E lembrar o poeta : “Se a sentença se anuncia bruta, a mão cega, mais que depressa, executa, pois que senão o coração perdoa”.