Kennedy Alencar: Posição contra Irã é amadora até para um presidente como Bolsonaro

Atualizado em 7 de janeiro de 2020 às 15:08
Kennedy Alencar. Foto: Reprodução/YouTube

Do blog de Kennedy Alencar:

A posição do presidente Jair Bolsonaro e do Itamaraty em relação à crise entre EUA e Irã rebaixa o papel internacional do Brasil e contraria toda a tradição diplomática do país. A submissão incondicional ao presidente Donald Trump e a ignorância geopolítica contrariam o histórico de não apoiar agressões unilaterais, o reforço do papel da ONU e a defesa do diálogo para mediar conflitos em vez da força militar.

Bolsonaro e o ministro da Relações Exteriores, Ernesto Araújo, ferem suscetibilidades persas e de países árabes simpáticos ao Irã. Isso pode afetar o comércio do Brasil com o Oriente Médio. Em relação ao Irã, a balança comercial é francamente favorável ao Brasil, que teve entre janeiro e novembro de 2019 saldo positivo de mais de US$ 2 bilhões. O Brasil exportou, basicamente, soja, milho e carne bovina para os iranianos.

Se Bolsonaro ignora isso, a diplomacia profissional brasileira deveria alertá-lo. Mas, comandada por Ernesto Araújo, houve opção pela subserviência a Trump. É amadorismo até para um presidente como Bolsonaro. Estimular a ação dos EUA como polícia do mundo e assumir posição desabrida contra um país com o qual o Brasil tem boas relações contrariam os interesses nacionais. O Brasil saiu do papel de interlocutor respeitado no Oriente Médio para o de uma república de bananas submissa a Trump.