Kim Kataguiri vence processo contra a Band por Boechat chamá-lo de “bobalhão”. Por Vinícius Segalla

Atualizado em 28 de abril de 2019 às 19:14
Boechat e Kataguiri

POR VINÍCIUS SEGALLA

O deputado federal Kim Kataguiri (DEM/SP) venceu na Justiça de São Paulo um processo por danos morais que move contra a TV Bandeirantes, em virtude de críticas que sofreu do jornalista Ricardo Boechat, morto em um acidente de helicóptero no dia 19 de fevereiro deste ano.

A rede de televisão foi condenada a pagar R$ 10 mil ao parlamentar. A decisão é de primeira instância, e ainda cabe recurso.

O motivo do processo é uma manifestação de Boechat no jornal Bandnews FM no dia 13 de agosto de 2017. O assunto era o cancelamento de uma exposição de arte realizada em Porto Alegre, patrocinada pelo Banco Santander, chamada “Queermuseu”.

Por conta das críticas que a exposição recebeu de grupos e movimentos conservadores, o Santander retirou o patrocínio e determinou o cancelamento da mostra, gerando um amplo debate no país.

Kim Kataguiri, um dos líderes nacionais do MBL (Movimento Brasil Livre) criticou “o fato de dinheiro público ser usado, através da Lei Rouanet, para custear uma exposição que era propositalmente ofensiva à fé da maioria do povo brasileiro”, conforme o deputado repetiu na própria ação judicial.

Sobre isso, Ricardo Boechat fez longa análise. A parte que levou à condenação da Bandeirantes foi:

“Então esses idiotas do MBL, que eu nem sei o que é isso, tem um cara lá, como é que chama? O Kim-Jong-Un… É parente do Kim-Jong-Un? ou não?… Como é o nome dele? Kim kakaguiri?… A Kim-Jong-Un Araquiri, esse bobalhão, diz que eles ficaram lá ofendendo as pessoas que estavam visitando a exposição”.

Para justificar sua decisão de indenizar Kim Kataguiri, a juíza Cláudia Thome Toni afirmou: “Além de seu nome ter sido objeto de trocadilhos em tom jocoso, o autor foi chamado de ‘idiota e bobalhão’, o que nos mostra que houve efetiva ofensa a sua imagem e honra, ao contrário do que entende a ré.”

Na semana passada, a Rede Bandeirantes recorreu da sentença, levando o caso à segunda instância.

Resta saber, agora, se os que defenderam a liberdade de expressão de Danilo Gentili farão o mesmo em nome de Ricardo Boechat.