“Lá em cima eles não querem que eu fale”: família de Michelle Bolsonaro mora na região onde atuava o tio miliciano preso

Atualizado em 30 de maio de 2019 às 10:22
Aparecida, avó de Michelle Bolsonaro, na favela onde mora no DF (FOTO: Cristiano Mariz/VEJA)

A primeira dama saiu de cena desde a revelação dos depósitos de Fabrício Queiroz em sua conta.

O marido alegou que os R$ 24 mil eram pagamento de um empréstimo, mas não colou para o Ministério Público.

A quebra de sigilo do ex-assessor de Flávio Bolsonaro vai trazer muito lixo à tona e Michelle vai aparecer na maré.

Era inevitável que os esquemas da turma aparecessem com a ascensão ao poder, mas eles estão surgindo avassaladores na mesma velocidade com que a credibilidade e a economia do governo desabam.

Tudo indica que aquela arrogância de Michelle, que gostava de desfilar com camiseta estampando a frase rude da juíza Hardt a Lula (“Se começar nesse tom comigo, a gente vai ter problema”), deu lugar à preocupação.

Tem razão para isso.

São muitas coincidências em sua vida.

Um dos sete PMs presos na quarta-feira, dia 29, integrantes de uma milícia que atuava na área da favela do Sol Nascente, em Ceilândia, é seu tio.

O primeiro sargento João Batista Firmo Ferreira foi em cana na Operação Horus, que investiga crimes de loteamento irregular do solo, extorsão e homicídios relacionados à grilagem de terras.

Ferreira é irmão de Maria das Graças, mãe de Michelle.

Todos eles são lotados ou atuaram nos batalhões responsáveis pela região.

A família dela mora lá. Ela é nascida e criada em Ceilândia.

É certo que ninguém deve ser responsabilizado pelos crimes de parentes — a não ser que se prove uma ligação, evidentemente.

Há muitas pontas desamarradas na história de Michelle, porém, que não casam com o papel de santa padroeira evangélica dos surdos-mudos.

Tio João operava na comunidade onde vive sua mãe, avó de Michelle, Maria Aparecida Firmo Ferreira, que virou notícia recentemente.

Aos 79 anos, cardíaca, parkinsoniana, mora num casebre e cuida do filho deficiente auditivo, relatou a Veja.

Anda com o auxílio de muletas.

Tem como companhia a filha Maria de Fátima Firmo Ferreira, tia de Michelle. Nenhuma delas foi convidada para a posse. Nem a mãe Maria das Graças.

A Veja contou que Maria Aparecida não queria conversa a reportagem.

“Lá em cima eles não querem que eu fale”, afirmou.

Perguntada a respeito de a quem se referia, respondeu: “Michelle. Meu filho mais velho disse que se me sequestrarem a ordem é não pagar o resgate e, aí, vão me matar”.

O que mais a velha senhora sabe?

Michelle, os Ferreiras, Queiroz e os milicianos sabem que em boca fechada não entra mosca.

Michelle e Jair em culto na Igreja Batista Atitude