“Lamento” de Flávio sobre morte de Adriano é manobra diversionista. Por Mamade Said

Atualizado em 15 de fevereiro de 2020 às 8:23
Flávio Bolsonaro. Ilustração: João Brizzi e Rodrigo Bento/The Intercept Brasil; Sergio Lima/AFP/Getty Images

PUBLICADO NA HORA DO POVO

POR MAMEDE SAID MAIA

Depois de um silêncio sepulcral sobre a morte de seu miliciano predileto, os Bolsonaros falaram pela voz de Flávio Bolsonaro: nas redes sociais, o senador pediu às autoridades competentes que impedissem a cremação do corpo de Adriano da Nóbrega.

Amigo de longa data de Queiroz, o faz-tudo dos Bolsonaros, Adriano da Nóbrega não apenas empregou, no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, a mãe e a esposa, como também recebeu, por indicação do hoje senador, duas homenagens na Assembleia Legislativa do RJ. Na mesma época, Jair Bolsonaro fez, na Câmara dos Deputados, ardoroso discurso defendendo o miliciano.

Adriano da Nóbrega, como se sabe, era o chefe da milícia de Rio das Pedras, um dos principais redutos eleitorais de Flávio Bolsonaro. Comandava o chamado “Escritório do Crime”, que realizava assassinatos de aluguel e tinha como um de seus integrantes Ronnie Lessa, vizinho de Jair Bolsonaro na Barra da Tijuca, que está preso por ter participado do assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes.

Não se sabe se a manifestação de Flávio Bolsonaro “lamentando” a morte do miliciano é sincera ou se representa apenas uma manobra diversionista. Há quem aposte que se trata de mais uma homenagem que o senador presta ao chefe de milícia que foi um correligionário merecedor de afagos e comendas. Mas que não está mais aqui para, indagado pela Polícia, pelo Ministério Público e pelas autoridades judiciais, revelar tudo que sabia.